segunda-feira, 27 de junho de 2016

FERRIS BUELLER'S DAY OFF (1986)


Quando éramos putos (e falo para a geração de 80) todos queríamos ser o Rambo, Indiana Jones ou Han Solo. Eram os nossos heróis. Mas eram heróis mais do mundo da fantasia. Sabíamos que nunca iríamos ser esses gajos durões. No entanto, havia um personagem que toda a gente adorava. Era um miúdo/puto do liceu que era uma espécie de exemplo a seguir. Esse gajo era o Ferris Bueller. Ora, o Bueller era o tipo que os rapazes queriam ser.
Em Portugal, este filme teve o anedótico título O Rei dos Gazeteiros (mais parece um título porno). E vem da mente do génio de John Hughes. Da mente deste gajo veio por exemplo o The Breakfast Club ou o Home Alone. O tipo era a pessoa que melhor compreendia as amarguras de crescer. De estar numa idade em que as preocupações eram o que se ia fazer no dia, que gajas íamos comer (em pensamento). Mas também compreendia o que nos arreliava, o quão difícil era por vezes passar a idade da adolescência e chegar à idade adulta. John Hughes era esse gajo.
Em relação ao Ferris Bueller, ele representava tudo o que um puto borbulhento desejava da vida. A minha vida está nas minhas mãos e eu faço o que quiser dela, e aproveito-a ao máximo. Leva o lema do "carpe diem" ao extremo.
A história deste filme é básica. O Ferris finge estar doente para não ir à escola e junta-se à namorada e melhor amigo num dia de gazeta. Passamos o dia com os 3, enquanto temos um director da escola, sempre desconfiado, a tentar desmascarar o gajo.
O filme, ainda hoje continua "actual", ou seja, ainda hoje desejamos ser o Ferris. Ainda hoje, com 33 anos desejo ser como ele. Poder faltar ao trabalho e ir passear de Ferrari pelas ruas da Figueira sem ser apanhado. Acontece que a nossa realidade é outra. Nunca vamos ser o Ferris. Aliás, estamos muito mais próximos de parecer o melhor amigo dele, o Cameron, que é super-neurótico, com medo de ir mais além. Na nossa realidade nunca teríamos o carisma do Ferris, que se safa de tudo.


Faz-me lembrar uma anedota que me contavam, em que se perguntava ao Joaozinho o que queria ser quando fosse grande. O Joaozinho dizia sempre que queria ser playboy, ou seja, andar em grandes carros, fumar grandes charutos e foder umas mulas boas como o milho. No final da anedota, o Joaozinho já só queria ser mini-playboy, ou seja, andar de bicicleta, fumar umas beatas e bater umas punhetas. Uma espécie de meter os pés no chão.
Bem, o filme é um aparente silly teen movie. Ou então não é aparente e é mesmo silly. O que é certo é que hoje é considerado um clássico acima de todos os seus pares.
Para finalizar, realce para todo o elenco. Parece ter sido escolhido a dedo. Desde o Matthew Broderick, que para toda a vida será o Ferris Bueller, ou então o gajo que entrou naquele remake do Godzilla que todos querem esquecer mas não conseguem.


A namorada dele é gira que dói. O amigo, parece que tinha quase 30 anos quando filmou mas passou bem pelo medricas do Cameron. Até o Charlie Sheen conseguiram pôr lá numa cena. Tem lá um cão que fazia o Cujo corar de vergonha. Se não conhecem o Cujo, ide pesquisar que não me apetece explicar.

Em suma, mais que um personagem, Ferris Bueller é um modo de vida e o feel good movie perfeito.

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