terça-feira, 27 de outubro de 2015

BACK TO THE FUTURE (1985, 1989, 1990)


Sou um gajo que gosta de filmes no geral: bons, maus, clássicos, etc (sim, há maus filmes que eu gosto). Depois há filmes que vejo e revejo até à exaustão sem nunca me cansar. Ora, se ouvimos música vezes sem conta, porque não podemos fazer o mesmo com alguns filmes. Normalmente são filmes que fazem parte do meu crescimento enquanto "pessoa humana" (juro que já ouvi esta expressão) e que ajudaram a desenvolver o meu gosto cinéfilo (ou falta dele).
O Regresso ao Futuro é um deles. E para mim Regresso ao Futuro 1, 2 e 3 é apenas um filme. É daqueles casos que se vejo o 1, tenho de ver logo a seguir as sequelas (isso só acontece com Star Wars - a trilogia original).

Não existem filmes perfeitos. Ou será que existem? Porque para mim, com todos os defeitos que se possam apontar a esta trilogia, é um filme perfeito. Trata-se de um fenómeno cultural pouco visto. E espero que com a efeméride festejada na semana passada (21 de outubro de 2015) possa servir para as novas gerações verem aquele que é o exemplo do que deve ser um filme sobre viagens no tempo.

Senão vejamos:

- Back to the Future (1985): um cientista louco inventa uma máquina do tempo. Por acidente o amigo Marty vai para 1955 e tem de conseguir regressar ao presente sem destruir o universo. História muito simples não é? Claro que sim... Mas depois Marty tem "só" de conseguir fazer com que o seu pai se apaixone pela sua mãe, que por sua vez está interessada no próprio filho, tendo tempo ainda para dar umas guitarradas e inspirar Chuck Berry para criar o Johnny B Good.


Boom: mega sucesso, sendo o filme mais visto desse ano, fazendo de Michael J. Fox uma estrela maior do que já era.

- Back to the Future Part 2 (1989): aqui as coisas complicam-se a nível de enredo. A acção começa logo minutos depois de onde terminou o primeiro filme. O Doc chega do futuro e leva Marty e namorada ao futuro para resolver uns problemas que os futuros filhos terão. A situação em 2015 fica resolvida, mas Marty fez o que qualquer um de nós faria, e comprou o almanaque com resultados desportivos. O Biff do futuro apanha o livro, vai ao passado (1955) dar o almanaque ao Biff do passado. Como consequência, quando Marty e o Doc regressam a 1985, o presente está alterado. O que fazem? Vão ao passado (1955) repor as coisas de modo a que o presente volte ao normal anterior (que já tinha sido alterado no primeiro filme).


Este é mais complicado de acompanhar mas caramba, parece uma montanha-russa de divertimento.

- Back to the Future Part 3 (1990): volta-se às raízes. No final do segundo filme ficamos a saber que Doc está preso no passado (1885). O Marty vai ao passado para resgatar Doc. Voltamos à simplicidade e mantemos o divertimento, só que desta vez não há carros voadores mas índios e cowboys.


E porque razão esta trilogia é tão marcante, mítica, histórica?
A primeira razão é óbvia: porque o raio dos filmes são mesmo bons.
Claro que é estranho o melhor amigo de um puto do liceu ser um velho cientista. mas quem liga a isso? A química entre os dois está lá, e não conseguimos imaginar outros actores que não o Christopher Lloyd (o "velho só tinha 47 anos quando o primeiro filme saiu) e o Michael J. Fox.


O primeiro filme teve a grande vantagem de ter o Crispin Glover. Que papelão. Para mim o melhor desempenho do filme a entrar na categoria de papéis que adorava poder representar. Parece que o homem não era bom da cabeça e armou-se em vedeta. Resultado, saltou fora do segundo filme, e os argumentistas lá tiveram de arranjar um esquema de não contar com ele. Ou seja, o Biff matou-o. Ainda assim o Crispin ainda teve a lata de processar os estúdios por terem usado imagens dele do primeiro filme. Claro que isto é tudo coisas que se vão lendo e vendo em documentários. Se serão verdade, não sei! É o que se conta por aí.

Passemos à música, que é tão conhecida como os clássicos da Guerra das Estrelas ou Indiana Jones. Durante anos pensei que o John Williams estivesse por trás da banda-sonora, mas parece que não. Alan Silvestri foi o autor dessa maravilha, que de vez em quando lá trauteio. Não sendo tão conhecido (pelo menos de nome) como o John Williams, Danny Elfman ou Hans Zimmer, de certeza que todos reconhecem o seu trabalho, senão vejamos: Predator, Bodyguard, Forrest Gump, Cast Away, Avengers, Captain America, e mais dezenas e dezenas de blockbusters e alguns clássicos.

Depois temos três filmes tão iguais e tão diferentes, que atravessam várias épocas distintas (1885, 1955, 1985, alternate 1985, 2015).

Entretanto lá chegámos a 2015, e parece que não há carros voadores e hoverboards

(Texto para ir alterando ao longo do tempo: não é fácil escrever sobre um filme que se gosta tanto e que já foi tudo dito por tanta gente)


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

HEAT (1995)


Em 1995 eu tinha uns 13/14 anos. Foi por volta dessa altura que vi este filme. Uma das únicas memórias que tenho ao ver o filme foi que o filme era grande como o carago. Nunca mais acabava.
Hoje é um dos filmes da minha vida. Mas é um daqueles casos em que prefiro não ver o filme vezes sem conta, pois tenho medo dessa coisa chata que é a saturação. Claro que já o vi umas 27 vezes. E houve duas cenas que já devo ter visto umas 453 vezes. Falo claro está das cenas do famoso tiroteio em Los Angeles e da cena do primeiro encontro da dupla De Niro/ Pacino.

E posso despachar já o elenco. Robert De Niro e Al Pacino encontram-se pela primeira vez no cinema (O Padrinho 2 não conta, pois se bem me lembro eles nem contracenam). E que melhor filme para juntar estes "monstros" da representação.

- De Niro tem uma actuação mais sóbria, cheia de subtilezas. Um homem só que se preocupa com o seu gang. A cena com Ashley Judd, onde lhe pede que dê mais uma oportunidade a Val Kilmer é prova disso. Ou seja, uma espécie de patriarca do grupo. E o seu papel está tão bem escrito que em quase 3 horas de filme, é um dos casos que queremos que o bandido se salve. (I do what I do best, I take scores. You do what you do best, try to stop guys like me).


- Al Pacino é o obcecado de serviço. Vai no 3º casamento e mesmo esse se desmorona. Abdica dessa estabilidade familiar por obsessão ao trabalho. No entanto ainda tem de lidar com a enteada maluquinha (uma Natalie Portman muito novinha), e uma mulher que também quer atenção. A cena em que o Pacino apanha a mulher com um amante é genial. (Oh yeah, I made Ralph fuck you because it makes me feel good).

- Val Kilmer, que nesse mesmo ano era Batman, tem uma das suas performances mais memoráveis., muito low profile. 

- Tom Sizemore é um dos membros do gang, e conseguiu em apenas um acto virar o nosso sentimento por ele. Num momento temos simpatia por ele, no outro basta pegar numa criança durante o tiroteio para não ficarmos com pena de ter levado um balázio nos cornos.

Depois temos mais uma série de actores que estão impecáveis em papéis mais pequenos. E que elenco secundário Michael Mann conseguiu reunir: Jon Voight, Natalie Portman, Diane Venora, Ashley Judd, Ted Levina, Hank Azaria, Dennis Haysbert, Danny Trejo, William Fichtner...

Tecnicamente o filme é brutal. Tenham bem em atenção a fotografia disto. As cores... aquele azul escuro... o jogo de sombras... a banda-sonora que só existe quando tem de existir. Senão vejamos: na cena do tiroteio na baixa de Los Angeles, o que é que se ouve? Tiros e mais tiros.... Não precisa de mais nada a acompanhar. 


Ora, o filme tem 2h45. Em 165 minutos de filme não há uma única cena que eu conseguisse excluir. Todas são importantes para o desenvolver da história. Todos os pequenos enredos conjugados resultam nesta obra-prima.

Mas se todas as cenas são importantes e impecavelmente bem filmadas, representadas, temos sempre de realçar a aquela a que todos chamam de "cena do café". É impossível falar do filme e não referir esta cena. E ao mesmo tempo é tão simples. Dois tipos que travam conhecimento pessoalmente estão ali a conversar. E é "só" isto! Mas caramba, ouvi esta semana alguém dizer que é como assistir a uma partida de ténis de luxo. Dois dos maiores actores vivos a conversar.
«You know, we are sitting here, you and I, like a couple of regular fellas. You do what you do, and I do what I gotta do. And now that we've been face to face, if I'm there and I gotta put you away, Iwon't like it. But I tell you, if it's between you and some poor bastard whose wife you're gonna turn into a widow, brother, you are going down.» 


Muito resumidamente, é só um dos meus filmes preferidos!