terça-feira, 29 de dezembro de 2015

CREED (2015)


Finalmente.... vamos já esclarecer uma coisa: sou gajo, tenho 33 anos, seguro da minha sexualidade, e sem medo de mostrar sentimentos.
E porque começo com esta nota introdutória? Porque este Creed conseguiu a proeza de me fazer soltar uma lagrimita. Não chorei baba e ranho, mas comoveu-me de tal maneira que é impossível ficar indiferente. A menos que vocês tenham estrume na cabeça e uma pedra no lugar do coração.
Depois, não caiam na asneira de apelidar este filme de "Rocky 7". Este filme não é sobre o Rocky Balboa, mas sim sobre Creed (e claro que do Balboa).
Quem acompanha aqui o estaminé deste vosso escriba sabe que sou seguidor de tudo o que o nosso tio Sly faz no cinema. E se acompanham a carreira do gajo sabem que Rocky Balboa é uma espécie de alter-ego de Sylvester Stallone.
Ora, o Stallone foi um tipo que começou do nada. Escreveu um filme (Rocky) num fim-de-semana, vendeu os direitos desse guião a uma produtora com a condição de ser ele a protagonizar o filme. Deram-lhe essa oportunidade e foi um estrondo. Torna-se numa das maiores estrelas de Hollywood. A certa altura da carreira anda meio perdido, com algumas opções duvidosas na escolha de filmes. Envelhece e tenta mostrar que ainda anda por cá. Faz uns filmes em que mostra que realmente é bom actor. Esta é a história do Stallone em poucas linhas. A história de Rocky não é muito diferente. Balboa é um zé-ninguém mas que gosta de lutar. Dão-lhe a oportunidade de lutar com o campeão do mundo. Depois do combate torna-se numa super-estrela. A certa altura da carreira anda meio perdido, com algumas opções duvidosas. Envelhece e tenta mostrar que ainda anda por cá. Consegue-o.


Creed não é mais que o recomeço e fim de uma saga. Uma espécie de "passar de testemunho" a uma nova geração.
Adonis Creed é o filho ilegítimo de Apollo Creed. Tenta construir uma carreira no boxe sem nunca usar o nome do pai. Vai ter com Rocky para o ajudar. Rocky está numa fase de vida em que espera pela morte, sem querer juntar ninguém. Ainda assim aceita ajudar o jovem. Têm uma espécie de relação semelhante à que Rocky tinha com Mickey. O resto é mais ou menos previsível. 
Mas aqui a previsibilidade não conta para nada. O que realmente interessa é a forma como as coisas são feitas. 
Ora vejamos: 
- o aspecto visual do filme está impecável. A cena do primeiro combate a sério do Adonis filmada num aparente único take vai para a lista de melhores cenas. Não percebo muito de técnica, mas acredito que não seja fácil conseguir uma cena perfeita, tão longa, com a câmara quase sempre em rotação. A caracterização do Rocky depois de adoecer. 

Sim, o filme tem os mesmo ingredientes do primeiro Rocky. Mas isso é mau? Claro que não. Aqui foi feita uma espécie de update aos tempos modernos. Não era fácil conseguir, mas tudo pareceu extremamente natural. Nada foi forçado para agradar a todos. 

Por tudo isto e mais alguma coisa, ide lá ver o filme. Só por preconceito se pode dizer logo à partida que o filme vai ser uma merda, pois é o sétimo filme do Rocky. Só por preconceito se pode dizer que não se vai ver o filme porque é só mais um filme de porrada do Stallone. Acreditem que não é.
Um dos melhores do ano.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

STAR WARS: THE FORCE AWAKENS (2015)

É POSSÍVEL QUE ESTEJA CARREGADINHO DE SPOILERS

Não contem com isenção, imparcialidade....


A minha relação com o universo Star Wars é estreita. Sou um fanático moderado. E o que é um "fanático moderado"? Não sou daqueles que colecciona tudo e mais alguma coisa dos filmes. Se o fosse, hoje estaria na falência, tal é a quantidade de merchandise existente. Somos bombardeados com material para todos os gostos. Aliás, os 20 minutos de publicidade antes do filme foi alusivo ao filme. Sou mais daqueles fanáticos dos filmes. Tenho um ou outro coleccionável, mas nada de especial. Não sou de mergulhar nas séries de televisão. Não gostei muito do Clone Wars, mas a Rebels é muito boa. Mas o meu interesse é mesmo a saga de filmes. E mesmo que as prequelas sejam o que são, eu gosto delas. O Episódio 3 é mesmo um grande filme. Carregadinhos de defeitos, é certo, nomeadamente no argumento. 


Ao longo destes últimos dois anos, a expectativa foi-se criando. Primeiro, ficamos aliviados quando soubemos que o Lucas não teria mão neste episódio. Eu sei que foi ele o criador deste universo, mas caramba, para muitos, ele também foi o destruidor. 
Mas quem se ousaria colocar à frente do leme deste novo episódio? Se já tínhamos ficado aliviados ao saber que não era Lucas, mais aliviados ficámos  quando noticiaram a chegada do "Messias", o JJ Abrams. 

Depois a Disney sabe o que faz. Tratou de manter em segredo tudo o que envolveria o filme. Começou por lançar um teaser, e a malta ficou doida. Parecia que vinha aí o melhor filme de todo o sempre. O pessoal salivava, tal cão de Pavlov, por mais. E de repente lançam o trailer oficial, que levou todos à loucura. 
Parecia que Star Wars estava verdadeiramente de volta. No último mês, antes da estreia, mais uns quantos trailers e spots de televisão como aperitivo. 
Na verdade, é preciso tirar o chapéu à produtora, pois conseguir manter este secretismo nos dias que correm não é fácil. 
Pessoalmente, tentei ignorar tudo o que dizia respeito ao filme. Vi apenas os trailers, mas tentei não ler artigos cheios de teorias e vídeos na net. E o que é certo é que não me envergonho de dizer que parecia uma daquelas pitas virgens (não sei se existem) antes de um concerto do Bieber (ou outro pedaço de esterco actual). Mas sim, aos 34 anos eu sentia-me como se tivesse 10.


O filme estreia e pumba, na mouche! O filme não é perfeito. Não é o melhor filme de todo o sempre, como parecia que ia ser. Tem os seus defeitos. Mas sabem de uma coisa? Os filmes mais antigos também têm defeitos. O que me faz ser completamente imparcial, é que me estou a cagar para os defeitos. Vi o filme com os olhos do mesmo puto que por volta do ano de 1990 descobriu o mundo de Star Wars. E devo dizer que me senti feliz naquelas mais de duas horas de filme. 
E uma das melhores coisas que posso dizer do filme é o seguinte: mal o filme acabou eu digo apenas "Mas o filme ainda agora começou". Eu queria mais. Quero saber mais do Kylo Ren, da Rey, do Finn ou do Poe Dameron

Despachando já as partes negativas:
- não percebi como é que a Rey e o Finn conseguiram dar luta quando lutavam com os sabres de luz contra o Kylo;
- cena muito conveniente quando Han Solo e Finn procuram a Rey, e ela está ali logo em frente a eles...
- não apreciei muito o aspecto do super-vilão Snoke.
E é só isto de negativo!

Positivo (tudo o resto):
- Filme completamente equilibrado. Temos doses de humor, acção, drama. Tudo em doses certas.
- Luke Skywalker: o gajo aparece meio minuto no final, não abre a boca, mas mesmo assim consegue ser uma espécie de McGuffin (se não sabem o que é, ide ao google). 

Elenco todo ele impecável: desde a Rey, que é muito expressiva e parece-me que possa sair daqui mais uma heroína para o futuro. Quero ver mais do Poe Dameron. O gajo parece ser daqueles "likable". O Finn é uma espécie de comic-relief mas com doses de action-hero. O Kylo Ren é o gajo das cebolas. Cheio de camadas. Um sucessor do Vader. E depois todos os outros vilões.


O pessoal antigo está lá bem. Gostei da forma como os introduziram, sem nunca parecer que foi só para agradar aos fãs antigos. Eles estão lá por uma razão.  Claro que neste filme, o destaque é o Han Solo. O gajo continua a ser o mesmo Solo de há 30 anos. O mesmo gajo que usa a lábia para se safar das encrencas em que se mete. A morte do gajo pelo próprio filho pode deixar em lágrimas algumas pessoas. A cena foi toda construída para esse desenlace, o que no final acaba por não ser uma grande surpresa, mas caramba, o final esperado e lógico, mas que mesmo assim não queríamos ver.

Claro que sentimos a nossa dose de nostalgia ao ver o filme, mas ao contrário de outros filmes, aqui faz tudo sentido.

Ah, o filme copia um pouco da história do primeiro filme. Uma arma mortal para destruir. Arranjam lá um defeito. Tem uma heroína que é semelhante a Luke. Mas isso a mim não me incomoda nadinha.

Bem, isto tudo para dizer, que ainda só vi o filme uma vez.... Muitas outras se vão juntar. 


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

TOP STALLONE

Então parece que o nosso tio Stallone tem novo filme e dizem as bocas que é uma das suas melhores interpretações. Ora, quem me conhece sabe que eu sou um adepto do Italian Stallion. Sou tão defensor do gajo, que até gosto do "Stop, Or My Mom Will Shoot!"
Os críticos odeiam-no porque sim... Os fãs adoram-no porque sim! Eu adoro porque sim. Porque vejo que há ali mais que uma action-star. Se bem que ser apenas action-star não é nada mau! Todos os gajos da minha geração cresceram a ver porrada com estas estrelas de acção. A rivalidade com o Schwarzenegger é mais que batida e reconhecida pelos dois. Eu sempre fui mais do team-Stallone, por achar que este é muito melhor actor que o Terminator
Bem, e com o Creed quase a estrear por terras lusas, cá vai o top dos tops. Os meus 15 filmes favoritos do Stallone (eu queria colocar mais, mas se assim fosse mais valia colocar quase toda a filmografia).

(Nota: ordem cronológica)

- ROCKY (1976), de John Avildsen


- NIGHTHAWKS (1981) - Os Falcões da Noite, de Bruce malmuth


- FIRST BLOOD (1982) - A Fúria do Herói, de Ted Kotcheff


- RAMBO: FIRST BLOOD PART II (1985) - Rambo II, de George Cosmatos


- ROCKY IV (1985), de Sylvester Stallone


- COBRA (1986) - Cobra, O Braço Forte da Lei, de George Cosmatos


- LOCK UP (1989) - Prisioneiro, de John Flynn


- TANGO & CASH (1989), de Andrey Konchalovskiy


- OSCAR (19191) - A Mala das Trapalhadas, de John Landis


- DEMOLITION MAN (1993) - O Homem Demolidor, de Marco Brambilla


- CLIFFHANGER (1993) - Assalto Infernal, de Renny Harlin


- ASSASSINS (1995) - Assassinos, de Richard Donner


- JUDGE DREDD (1995) - A Lei de Dredd, de Danny Cannon


- COP LAND (1997) - Zona Exclusiva, de James Mangold


- ROCKY BALBOA (2006), de Sylvester Stallone


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

THE GIFT (2015)

É POSSÍVEL QUE VENHA A ESCREVER ALGUM SPOILER


De vez em quando há filmes que vêm parar a nós sem sabermos bem como. Este foi um deles. E ainda bem que assim foi. E vi-o a pensar que iria ver uma coisa completamente diferente. Tinha visto o trailer e esperava um filme de suspense. 
De uma forma simples, história centra-se em 3 pessoas. Há um casal e um antigo colega de escola do marido que já não se viam desde a adolescência. Reencontram-se e restabelecem contacto. Acontece que esse antigo colega de escola é meio creepy. E pronto, estava preparado para um filmezinho, com alguns sustos. Não estava preparado de forma alguma para o que realmente é o filme.
Parece que este filme é uma aposta grande do Joel Edgerton. O gajo escreve, realiza e ainda faz o papel de Gordo, o tal colega meio estranho.
E se o Edgerton é impecável como Gordo, o Jason Bateman tem a sua melhor interpretação da carreira. Estamos habituados a vê-lo num registo mais cómico e aqui mantém o seu ar "friendly", mas que se calhar tem mais camadas (inserir metáfora das cebolas). 

Bem, o filme começa da forma mais esperada. Pensamos que estamos a ver um filme e de repente vira e começamos a repensar tudo o que tínhamos visto para trás. O twist a certa altura era esperado, mas apanha-nos como com um murro no estômago. E é esse "mal-estar" provocado que é cinco estrelas. Nunca estamos assim tão confortáveis na cadeira a ver o filme. 
Depois tem lá umas cenas que são impecavelmente bem filmadas. A cena do cão (quem viu vai saber qual é) é exemplo disso.
E o final? Foda-se.... é um daqueles finais que nos deixa de queixo caído. A vingança mais cruel que o Bateman poderia ter sofrido. Sim, porque o seu personagem se calhar tem algo a esconder. 

A sério, quem não viu, faça o favor a si próprio e vá a correr a "comprar" o filme. E se forem adolescentes, pensem duas vezes antes de ser uma espécie de bully. O preço a pagar pode ser caro!