quarta-feira, 30 de novembro de 2016

IRON MAN 3 (2013)


Fosca-se, que esta merda nunca mais acaba. E ainda só vou a meio. Quando decidi que iria fazer uma maratona relativa à MCU, pensei que fosse mais fácil. Mas pronto, já vi merda pior. Só para perceberem, houve uma altura em que via os filmes TODOS da Asylum. Para quem não sabe o que é, trata-se da companhia que produz filmes como o Sharknado, mas a maioria pior. Por isso, se consegui ver esses pedaços de estrume, também hei-de conseguir ver estes da Marvel. E podem perguntar: se já sei que não gosto destes filmes, porque não utilizo esse tempo a ver coisas que realmente me interessem? Sei lá... deixem as perguntas difíceis para outros.
Começou então com este Iron Man 3, a chamada Phase Two deste universo. E a primeira questão que se impõe é a seguinte: este Iron Man 3 (realce para o "3") é uma sequela do Iron Man 2 ou do The Avengers? É que pelo título, trata-se de uma sequela directa do Iron Man 2, mas os episódios do The Avengers também são importantes e referidos, por isso não faz sentido ser o "3" se há merda depois do "2" e antes desse "3" que também importa. Foda-se, e ainda dizem que a ordem dos filmes do Star Wars é complicada. Então, mas se eu não quiser ver os filmes todos da MCU e só quiser ver os filmes do Homem de Ferro, será que estou a perder informação importante? AHHHHH.... ou estes gajos são uns génios do marketing ou esperam que nos estejamos a cagar para isso tudo. A avaliar pelas receitas de bilheteira, acho que devem ser mesmos uns génios. 


SPOILERS

Este filme começa após os eventos em New York (ver The Avengers)..... ah espera... não começa nada. Começa antes sim ao som de Eiffel 65 ("Blue Da Ba Dee"). E é ao som deste pop eletrónico que somos enviados para os anos 90, com um jovem Tony Stark e um gajo com ar de totó, meio atrasado (Guy Pearce). Esse totó tem uma ideia brilhante que quer apresentar ao Tony, mas o gajo na altura queria era putas e vinho verde (como se diz na minha terra). Ele caga para o gajo, e já se percebeu que o totó se vai passar dos carretos e tornar diabólico. Faz lembrar o personagem do Jim Carrey no Batman Forever (já não é a primeira vez que apanho a Marvel a roubar ideias à DC Comics). De realçar ainda o penteado espectacular do guarda-costas do Tony (Jon Favreau) com um mullet de fazer inveja ao MacGyver dos anos 80.

Passamos então para o presente e é introduzido "O" vilão, o Mandarim. Um espectacular Ben Kingsley, e digo desde já que é o melhor do filme. Faz aqui de uma espécie de Bin Laden pronto a explodir com coisas.
Percebemos que o Tony anda com um stress pós-traumático depois de ter salvado a Terra de uns "flying monkeys" (mais uma vez, ver o filme dos The Avengers). Não consegue dormir e quando consegue tem pesadelos. Eu também os tive só de ver o filme, quanto mais de participar nele.
Aparecem uns seres esquisitos que explodem, e aí percebemos que são eles os "bombistas suicidas" que andam a provocar atentados. 
O Tony, como gosta de ser o centro das atenções, provoca os terroristas e dá a morada dele em directo para a televisão. E como se esperava, pouco depois a casa é atacada. Ora, parece que o fato do Iron Man é muito fácil de usar, pois qualquer um o consegue usar. Aqui foi a namorada dele. O gajo é projectado uns milhares de quilómetros, só porque sim, mas toda a gente pensa que ele está morto. Vai ter a uma pequena vila e lá faz amizade com um garoto, porque isso não é nada estranho. Curiosamente o miúdo tem material em casa que dá para restaurar o fato de ferro. Os seres que explodem continuam a atacar. Conversa e tal lá pelo meio. Algum humor à mistura, e ainda bem. 
O Tony descobre o Mandarim e dá-se o anti-clímax da história. Afinal o diabólico Mandarim é só um actor contratado. Parece que precisava do dinheiro para álcool e droga. Tudo para disfarçar quem é o verdadeiro terrorista. Já se esperava que era o totó do início. Só que o gajo tornou-se numa espécie de génio sedutor. 
Entretanto o Tony é capturado mas consegue soltar-se. Porque é que isto aconteceu? Não sei, mas acho que o filme passava bem sem este episódio e ficava mais curto. É que o filme é longo para caraças. 
Para acabar o filme com uma grande cena de acção, o presidente norte-americano, que até agora nem me lembro se tinha aparecido, é atacado. O Iron Man salva a situação com ajuda e tal e fim de filme. 

Sim, o filme tem coisas más. Não havia necessidade de ser tão longo. Há uma meia-dúzia de cenas que eram bem cortadas. Há umas coisas que não fazem muito sentido.
Mas nem tudo é mau. Há umas coisas bem positivas, nomeadamente os vilões. Guy Pearce vai acabar por ser totalmente esquecido, mas até esteve bem. E o Ben Kingsley é o ponto alto. Parece que nos comics o gajo era um vilão mesmo mau. Mas aqui, os argumentistas estão completamente a cagar para esse canône das bandas-desenhadas. Para mim resultou bem. Acabam por ser as melhores partes do filme. 
Também gostei do facto de haver muito mais Tony Stark e menos Iron Man. Isso acaba por tornar menos aborrecido todo o filme. 
Nota-se o dedo do Shane Black no argumento e realização. Apesar de ser mais o mais negro da trilogia, é também o mais engraçado. E esse equilíbrio acaba por resultar.

TOP MCU até ao momento:
Thor
Iron Man 3

(Próximo filme: Thor - The Dark World. Quer-me parecer que deveria ter mantido o Kenneth Branagh.)

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

THE AVENGERS (2012)


SPOILERS

Vamos lá então ao final da chamada Phase 1 da MCU. Andaram anos a fazer filmezinhos de super-heróis, com easter-eggs lá pelo meio, de forma a juntar tudo num bolo. Os cinco filmes anteriores são uma espécie de ingredientes que no fim resultam (para já) neste The Avengers. No entanto, por vezes podemos ter os melhores ingredientes do mundo, que nem sempre resultam num grande produto. Toda a gente tem acesso aos ingredientes da Coca-Cola, mas a receita secreta fica com eles. Aqui, o que se passa é um bocado isso. Os cinco ingredientes (filmes) anteriores já não eram grande espingarda, e por isso, dificilmente resultariam num grande filme. O "grande" aqui só se for na duração. São 2 horas e 20, mas parecem muitas mais. O maior problema do filme é que é uma grande salganhada e tem uma primeira parte aborrecida. E depois é tudo à grande. Há uns anos, havia no futebol uma equipa que chamava de galáctica. Tinha os melhores jogadores do mundo. Mas isso não queria dizer que tinham a melhor equipa. Há muitos egos a tratar e a conjugar. 
O filme começa com Nick Fury (Samuel L. Jackson) e tentar reunir a equipa. O que nos lembra logo à partida todos os filmes anteriores. É ele um dos pontos de conjugação. O agent Coulson, que nos anteriores andava mais numa de fazer presenças, tem agora mais destaque. E o que é que lhe acontece quando tem mais destaque. É morto, só para não ser mais um. E é pena, porque era dos meus personagens preferidos. Pelo menos é morto pelo Loki. E se é para morrer, que seja às mãos do maior vilão.
Depois anda lá a Robin do How I Met Your Mother (Cobie Smulders). Ainda não sei bem o papel dela, mas anda por lá a fazer cão de fila do Nick Fury.
Entretanto, reaparece o Loki, que tinha morrido no filme do Thor. Vai lá às instalações da SHIELD, porque descobriram um artefacto que serve de portal entre mundos. Mata uns quantos e "transforma" o Hawkeye em mau, assim como um cientista, que ao fim ao cabo ninguém quer saber. 
Passamos para a Black Widow (Scarlett Johansson). E ainda bem, porque até aqui, o filme mais parecia a festa da mangueira. 
Vem depois a introdução dos heróis propriamente ditos: Hulk, Capitão América e Iron Man. O Thor ficou para mais tarde, quando o Loki já tinha sido apanhado. Ou seja, não tivesse aparecido o Thor para estragar tudo e o filme tinha acabado logo ali. 
Como já tinha dito, um dos problemas do filme é que é tudo à grande e uma das provas disso é aquele veículo tipo porta-aviões mas que voa. Deve ter um nome mas não o reti. Em comparação, esse porta-aviões é uma espécie de USS Enterprise e o Nick Fury é o Cap. Kirk (referência a Star Trek).
Claro que um dos pontos positivos do filme é o Loki (Tom Hiddleston). Apesar daquele ar meio franzino, a presença dele intimida. Kneel before me diz ele a uma série de alemães. E é impressão minha, ou isto foi uma espécie de "roubo" à DC Comics quando Zod diz o mesmo à população da Terra? 
Como tinha dito, aparece o Thor para estragar tudo. E há ali uma luta entre ele e o Iron Man que mais se assemelha a uma birra de crianças. Parecem uns putos a brigar no recreio da escola. 
Depois há ali uma parte que é só conversa que não interessa ao menino Jesus lá no porta-aviões. E ainda por cima é longa essa parte. O Iron Man continua nas suas birras, desta vez com o Capitão América
Depois começa a acção a sério. E é quando o Hulk acorda e faz mossa. O Loki escapa e mata então o agent Coulson. Ficam todos muito tristes, apesar de terem morrido mais umas dezenas de agentes. O Hawkeye fica bom outra vez e começa a batalha com os flying monkeys e todos os monstros que saem do portal, aquele habitual raio azul no céu. (Há uma quantidade insana de raios que vêm do céu nestes filmes).
Essa batalha final é demasiado over the top. Para aqueles que acusaram o filme do Man of Steel de demasiada destruição na cidade, aqui passa-se o mesmo. Milhares de pessoas morrem naquela destruição toda, mas parece que isso não importa nada. 
No final, o Iron Man arma-se em mártir para mostrar que afinal também é humano e não tão egocêntrico. Esta cena resultaria ainda mais, se ele morresse mesmo. Mas pronto, o Hulk salva-o e acorda-o com o grito. Fim de filme e está feito.


O filme é mau por diversas razões. E essas razões podem ser as mesmas pelas quais muitos o adoram. Uma palavra que define o filme é para mim "demasiado". Há demasiadas personagens. Há demasiado a acontecer. Demasiado CGI. Demasiado barulho. Demasiado grande. Demasiado tudo. E depois o Robert Downey Jr que sofre do "síndrome Johnny Depp" e a culpa não é dele. O Johnny Depp quando apareceu nos Piratas das Caraíbas como Jack Sparrow era o maior. Depois de alguns filmes aquilo começou a cansar. E o mesmo se passa com este Tony Stark. Tem piada no início, mas já cansa o personagem dele e o protagonismo que tem.

Ainda assim tem algumas coisas positivas. Achei engraçados alguns gags no filme, nomeadamente relacionados com o Hulk. "We have a Hulk"/ "I'm always angry". A cena em que o Hulk quase desfaz o Loki vale o filme.  
A Scarlett Johansson é sempre um regalo para a vista, e vê-la lutar vale bem a pena. Gostava que o Hawkeye, apesar de ser uma espécie de Katniss Everdeen, tivesse mais destaque. 

No geral, acho que os filmes funcionam melhor isoladamente. Tentarem à força que todos os filmes tenham ligação acaba por pôr em causa o valor que cada um poderia ter.

TOP MCU até ao momento: 
Captain America: The First Avenger
The Incredible Hulk
Thor
Iron Man
The Avengers
Iron Man 2

(Próximo filme: Iron Man 3 e o início da Phase 2)

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

CAPTAIN AMERICA: THE FIRST AVENGER (2011)


Faltava apresentar um super-herói nesta coisa do universo da Marvel e Avengers, e ainda bem, porque parece que guardaram o melhor para o fim. Sim, porque este filme é até agora, de longe, o melhor. Não percebo nada de História dos comics. Sei que existe uma espécie de rivalidade entre a DC Comics e a Marvel, desde sempre. Ora, e se a DC criou o mais emblemático e icónico super-herói da história, o Superman, a Marvel não se queria ficar atrás. Também eles queriam ter um copinho de leite, cheio de moralidade e que funcionasse como símbolo. E se a DC criou um alien vindo de Krypton, a Marvel foi buscar um soldado franzino e encheu-o de esteróides. Nada significa mais "moralidade" que o uso de esteróides. Mas isso agora não interessa nada.
Aqui temos mais uma origin-story. Temos um tipo que quer, à força, alistar-se no exército e ir combater os alemães na Segunda Guerra Mundial. Chumba sempre nos testes, mas o gajo é tão patriota que quer mesmo arriscar a vida na frente de batalha. E estamos a falar de um gajo com cerca de 20 quilos e mais doenças que uma concorrente da Casa dos Segredos. Só que há lá um velho, que está a trabalhar num projecto científico (Stanley Tucci) e vê nele a coragem, bondade e teimosia necessária para servir de cobaia. Temos ali uma pessoa com corpo de miúdo de 8 anos, franzino mas com voz de homem. Ao início, isso até soou estranho. E não sei como o fizeram, mas o corpo dele estava muito realista. As cenas do treino acabam por ter muita piada. 


Depois toma os esteróides, e torna-se numa espécie de super-soldado com um six-pack que faz humedecer muitas garotas. 
Pois, mas o que faz o exército quando dispõe de um super-soldado, mais rápido e forte que qualquer ser-humano? Manda-o para a frente de batalha para derrotar os nazis? Não, nada disso. Veste-lhe umas roupas ridículas, com as cores americanas e vai fazer uma tour, tal estrela de rock pelo país. Torna-se numa espécie de fantoche, símbolo de propaganda, a tentar convencer pessoas a comprar acções. Nada como boas ideias.
Entretanto, ele farta-se disso e vai salvar umas dezenas de soldados que estavam detidos pelas forças inimigas, mesmo contra as ordens dos superiores. A partir daí há uma montagem (aquelas cenas típicas dos anos 80 em filmes como os do Rocky) com algumas missões do Capitão América e companhia.
Ah, no meio disto tudo anda por lá o vilão que só quer destruir tudo. E mesmo sendo o cenário a Segunda Guerra Mundial, o vilão aqui não é o Hitler, mas sim o Mr. Smith, ou melhor, o Red Skull (referência ao vilão de Matrix, interpretado por Hugo Weaving). Ainda estou na dúvida em relação à caracterização do vilão. Não sei se aquilo parece só ridículo, se parece ridiculamente divertido. Acaba por ser um bom vilão, mas por causa de Hugo Weaving. Ele já era a única coisa positiva do Matrix, já tinha sido um grande anti-herói no V For Vendetta, e aqui volta a estar em destaque.
Para mim, este acaba por ser o filme da saga que melhor faz a ligação aos Avengers e a esse universo. As coisas não parecem caídas de para-quedas e de forma fluída se relacionam com os outros filmes. 


Resumidamente, é o filme mais divertido e menos aborrecido até ao momento. Gosto do facto de se passar praticamente todo, à excepção da cena final, nos anos 40. É um filme mais que patriota, mas caramba, o gajo tem "América" no nome. 
Se formos ver a "profundidade" da mensagem, ela pode não ser muito bem interpretada. Sempre ouvimos dizer que o que está dentro de nós é que é o mais importante, mas isso para o Steve Rogers não funcionava bem assim. Foram precisas umas injecções com um produto esquisito para o tornar naquilo que se tornou. Se bem que, bem vistas as coisas, são as suas características muito nobres que o tornam no símbolo que é.
Ah, pontos negativos para o sub-aproveitamento de Tommy Lee Jones.

Nota final: preferia que este personagem desse antes origem a uma série em vez de fazer parte do MCU. Gostava de ver as aventuras e missões do Capitão América durante a Segunda Guerra Mundial. Assim ao género do Major Alvega.

TOP MCU até ao momento:
Captain America: The First Avenger
The Incredible Hulk
Thor
Iron Man
Iron Man 2

(Próximo filme: The Avengers. Na altura em que o vi, sei que era o mais aborrecido e fraco de todos. Vamos ver se mantenho essa opinião ou se mudo, como já o fiz nesta maratona.)


terça-feira, 22 de novembro de 2016

THOR (2011)


Chegou a vez de apresentar mais um personagem ao mundo da MCU. Uma coisa interessante de ver nisto da Marvel, é a introdução de outras mitologias, outros universos. Thor é um deus nórdico, e vá-se lá saber como, Stan Lee e companhia conseguiram encaixar esta personagem no seu mundo. E para fazer este personagem no cinema nada como ir buscar um gajo que se parece com um deus nórdico capaz de humedecer as partes íntimas das meninas e meninos que gostam disso.
Já surpreendente foi a contratação do Kenneth Branagh para a realização. Um gajo que nunca fez nada de blockbusters com orçamentos milionários vê-se encarregue de trazer ao grande ecrã esta mitologia. Pode ser surpreendente, mas até compreensível. Um gajo que está habituado a representar, encenar e realizar Shakespeare (seja no cinema como no teatro), tem aqui oportunidade de fazer isso para o grande público mas escondido nos efeitos especiais da mitologia. Sim, porque este filme tem todos os temas mais shakespearianos: família, rivalidades, exílio.
Confesso que estava curioso para saber como isso iria resultar no grande ecrã, mesmo não sendo fã da Marvel, sou um adepto da literatura de Shakespeare, apesar das horas mal dormidas na faculdade à custa de algumas obras dele. (Para dizer a verdade, as horas mal dormidas na faculdade nunca se deveram ao estudo propriamente dito). Mas gosto da literatura do gajo, desde as tragédias às comédias. Como é que esses temas seriam tratados neste filme é que já era mais complicado. 

O filme começa com a introdução dos personagens de Thor e o irmão Loki, lá no reino de Asgard. O herdeiro do trono será, à partida Thor, o que deixa o Loki com uma certa inveja. Acontece que Thor é um filho da puta arrogante e com a mania que é mais esperto e forte que os outros. Sabemos que o Thor vai ser o herói, mas ao início nós só temos vontade de lhe ir às trombas para ver se perde aquele sorrisinho. Já o Loki parece ser o mais sensato, não que entrar em lutas desnecessários. Para uns poderá parecer um covarde. Eu digo que ele é esperto. 
Devido a uma série de acontecimentos, que não interessam muito, o Thor é banido do reino e exilado na Terra. Conhece a Natalie Portman. Entretanto o rei (Anthony Hopkins) cai num sono profundo e o Loki toma o seu lugar. As coisas não correm bem. Loki vira para o lado negro da Força. Sim, é uma referência a Star Wars, mas o Loki acaba por ser uma espécie de Anakin Skywalker. Começa bem, gostamos dele, e depois vira para o lado mau. E aqui, gostamos de o odiar. E porquê? Porque o raio do actor é bom que se farta. Aliás, o Tom Hiddleston é a melhor coisa do filme, mesmo tendo Hopkins e Portman no elenco. É o vilão que gostamos, e até certo ponto, conseguimos torcer por ele. Por um lado queremos que desapareça, por outro, queremos que esteja sempre presente. A presença do gajo é impressionante. Mesmo tendo aquele ar lingrinhas, as expressões dele intimidam. E aqui tenho de tirar o chapéu à Marvel, pois tem até agora o melhor vilão dos seus filmes. No entanto, ele torna-se assim o vilão quase de repente. Poderiam ter perdido mais tempo nesta transição e menos noutras coisas que não interessam.
Na Terra, o Thor não consegue levantar o martelo. E isto dito assim, parece um problema que se resolveria com um comprimido azul. Acho que só tinha de se tornar digno de usar o martelo. Como? Tem de ser bonzinho. É isso que faz, e depois lá o consegue segurar e utilizar.
Entretanto vão acontecendo umas coisas em Asgard que não interessam nada. Devo ter adormecido nestas partes. Chegamos ao clímax e dá-se a "redenção" do Loki. Como é que se redime? Mata-se, ou deixa-se cair no infinito. 

Lá pelo meio, e à semelhança dos anteriores filmes da MCU, continua lá o gajo da SHIELD, o agent Coulson, desta vez com maior destaque. Deve ser o director dos recursos humanos da empresa, pois anda a fazer "entrevistas" de recrutamento.

Assim como quem não quer a coisa, também introduziram lá pelo meio, mais um personagem dos Avengers. O Hawkeye aparece lá uns segundos para não fazer nada. Um pouco à semelhança dos filmes no futuro (segundo consta). Que desperdício de Jeremy Renner.


O filme tem aquele ar muito limpinho. Estão todos sempre super bem maquilhados e penteados e asseados. O visual do filme é todo ele muito limpinho.
Depois tens umas cenas engraçadas quando o Thor chega à Terra. Aqueles clichés do "típico peixe fora de água" são um guilty-pleasure meu. Acho sempre divertido.
Já as cenas de luta são banais. Nada que fique na memória. Mas isso também acontece em 99% dos filmes actuais.

No geral, o filme não tem assim nada de muito grave a apontar. O problema é que também não tem muito que se destaque, a não ser a qualidade do vilão. Tive ali uns 10/15 minutos de sono, mas acho que não perdi muita coisa.

TOP MCU até ao momento:
The Incredible Hulk
Thor
3º Iron Man 
Iron Man 2

(Próximo filme: Captain America: The First Avenger)

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

IRON MAN 2 (2010)


E chega a vez do #3 da lista da MCU. Por mim eles chamavam sempre a mesma coisa a todos os filmes. É que este é o terceiro mas chama-se Iron Man 2. Se todos os filmes estão de alguma forma ligados, não percebo a lógica. Quer dizer, estão ligados, mas parece que o que se passa noutros filmes não é referido neste. O Hulk e companhia fizeram mossa por onde passaram, mas é como se nunca tivessem existido. Mas ao mesmo tempo fazem parte do mesmo universo. E o mesmo para outros filmes mais à frente. Enfim... temos de comer e calar.
Chegamos então a esta sequela. Ora, para começar, devo dizer que este Iron Man 2 sofre do mesmo mal que o Matrix Reloaded. O primeiro filme do Matrix não era nada de especial, mas entretanto chegou o Reloaded. E este filme era tão mau, que o primeiro filme se tornou automaticamente melhor. O mesmo se passa aqui. 

SPOILERS

O filme começa por mostrar um dos vilões (Mickey Rourke) que é obcecado pelo Tony Stark. Aqui não percebemos bem porquê. Vêmo-lo a construir uma arma porque, aparentemente, se quer vingar do Stark. Esta cena serve mais de introdução.
Passamos então à estrela. Numa exposição, Tony Stark/Iron Man aparece tal e qual uma estrela de rock. O narcisismo ao mais alto nível. Ou seja, é tão egocêntrico, que no final do primeiro filme, e ao contrário de todos os super-heróis, revela a sua identidade secreta. A minha pergunta é "porquê"? Agora sofre um pouco com isso. Apesar de estar sempre rodeado de pessoas, cada vez se sente mais isolado.
Chega então uma das cenas mais marcantes do filme. O primeiro ataque do gajo do chicote, o Whiplash, durante a corrida de automóveis. Ora, o gajo tem acesso a tecnologia de ponta para fazer armas, e o aquilo que constrói são dois chicotes?? Basta uma pessoa desviar-se do chicote e está safa. Ainda assim é uma cena cool. Aliás, das poucas cenas cool que este filme tem. E um filme que tem Robert Downey Jr deveria ter muita mais coolness. Enfim...


Basicamente, o filme é fraquito. Aquilo que eu acho é que o filme apenas serve para introduzir alguns elementos e personagens a universo que querem criar. 
Aparece pela primeira vez a Scarlett Johansson como Black Widow. Não faz grande coisa no filme, mas pelo menos é-nos apresentada. Agrada bastante à vista e isso já não é mau.

O restante elenco é misto. A personagem da Gwyneth Paltrow é do mais aborrecido que existe. Eu sei que deve acabar por ser o love interest do Stark, mas foda-se, que a gaja dá sono. E não é culpa da actriz, mas sim da personagem. Houve alguém que chamou a atenção (não me lembro quem) para o facto de ela se estar a cagar para o facto do Stark ser o Iron Man, mas depois quando foi participar na corrida de carros, era o "ai jesus que ele pode-se magoar".
O Don Cheadle veio substituir um outro actor que tinha o papel dele. Mas não sei porquê, o primeiro tinha mais pinta para fazer de Rhodey, o melhor amigo do Tony.
E depois temos os vilões. O Mickey Rourke passa a maior parte do tempo a construir cenas e não a lutar. O que é pena. Mas o meu personagem preferido deste filme é o Justin Hammer (Sam Rockwell). É mais um vilão de fato e gravata, mas este é divertido. E ser divertido neste filme é bom, nem que seja para nos acordar nas cenas mais secantes.

O argumento está cheio de plot-holes. E se não acreditam em mim, vejam o Honest Trailer do filme. Estão lá todos. E já agora: supostamente o filme passa-se na actualidade. Então porque é que quando estava a vê-lo, mais parecia estar a ver algo do universo do Minority Report. Aquela tecnologia toda que não existia (pelo menos não tínhamos visto) no primeiro filme. 

Eu bem que queria gostar do filme. A sério que sim, até porque tem o Robert Downey Jr. Mas foda-se, esta merda aborrece-me. Há demasiada conversa. 
Pode ser que melhore nos próximos filmes.

TOP MCU até ao momento:
The Incredible Hulk
Iron Man
Iron Man 2

(Próximo filme: Thor. Pelo que me lembro era também um bocado secante, mas pelo menos tem a Natalie Portman.)

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

THE INCREDIBLE HULK (2008)


Vamos lá continuar a maratona MCU, chegando agora ao número 2 da "saga". The Incredible Hulk é uma espécie de sequela/reboot/remake (o que quiserem chamar) ao filme do Ang Lee, que foi trucidado pela crítica. Continuo a achar que esse Hulk (2003) é ainda um dos melhores filmes baseados em comics que já vi. Mas como 99% das pessoas que viram o filme não gostou, lá decidiram fazer algo diferente, desta vez para integrar esse universo que a Marvel está a criar. 

Parece que na altura da estreia ainda não sabíamos bem o que iria ser esse universo, e ainda bem porque este filme funciona bem sozinho. Não fosse a cena final (já lá vamos) e o espectador comum (como eu) nem se aperceberia que os eventos estariam ligados ao dos Avengers e companhia.

Este filme em si tem coisas muito boas e outras que nem por isso. Começa muito bem logo nos créditos iniciais. Ou seja, despacha logo a treta da origin story nesses dois minutos de genérico. Sabemos logo ali tudo o que é necessário (e acaba por ser um resumo quase exacto do filme anterior do Ang Lee). O Bruce Banner testa em si próprio uma espécie de vacina. A coisa corre mal. Lá pelo meio tem um general que o persegue, e curiosamente a filha do general é o amor do Bruce. O gajo escapa-se e isola-se num país da América do Sul para tentar encontrar a cura.

Ora, antes de mais uma questão. Então o Bruce Banner foge e isola-se para andar calmo à procura da cura e a cidade que escolhe é o Rio de Janeiro? Não sei se será a cidade mais pacífica do mundo. Claro que ele se mete em sarilhos. Tem lá uns brasileiros (?) que se metem com ele. Quer dizer, aquilo é tudo menos actores brasileiros. Pelo menos eu não percebo nada do que dizem. Por coincidência o general descobre onde ele está e lá tem o gajo de fugir outra vez.


Outra coisa negativa é parte do casting. Se por um lado a escolha do Ed Norton é mais que acertada, a escolha da Liv Tyler nem por isso. Mas há actriz mais "pãozinho sem sal" que ela. Aquele papel de enjoada irrita-me. Pior só se escolhesse a Kristin Stewart. A única vez que se ela teve alguma piada foi numa cena num táxi, onde ela se irrita com o taxista. E mesmo essa cena durou uns cinco segundos. Em relação à escolha do Tim Roth, não consigo ter uma opinião muito objectiva. Por um lado, ninguém duvida que o gajo é bom actor e bad-ass, mas depois ainda não o encaixo bem como super-soldado/monstro.

Mas o filme também tem pontos positivos, e ainda são alguns. Ainda em relação ao casting, temos o bigode do William Hurt (o general) que é super-espectacular. 
Uma das coisas que poderia correr mal, antes de ver o filme, era o Hulk propriamente dito. E há um conjunto de cenas onde a imagem do Hulk é muito boa. Primeiro nas cenas onde ele mal aparece, ou só aparecem pequenos vislumbres, como no meio do fumo, sombras, etc. Todas as cenas dele no escuro funcionam muito bem. O pior é mesmo quando ele aparece à luz do dia em todo o seu esplendor. Continua a parecer demasiado falso, como já o era no filme anterior. Aliás, a cena da luta final com o Abomination parece saída de um cartoon. Sobre essa luta final, que seria o clímax, o máximo que posso dizer, e usando um termo técnico da escrita criativa, é uma luta "nhec". Não é má, mas também não é nada de especial. Aliás, a cena de acção num parque, mais no início do filme é bem melhor. No entanto, essa luta final tem o momento mais WTF do filme, e onde gritei um "YEAHH", e estou a referir-me ao momento que que o Hulk profere as bonitas palavras "Hulk, smash". Foi lindo.

O filme acaba com o momento que deve ter dado muitos orgasmos a nerds/geeks, e é quando Tony Stark aparece a dizer que está a reunir uma equipa. Ora, na altura essa coisa dos easter-eggs da Marvel ainda não era uma moda, até porque não se pode ter uma "moda" ao final de dois filmes. Foi um bocado inesperado. Eu acredito que essa cena tenha dado origem a muitas ereções por esse mundo geek fora. Creio é que esta cena teria funcionado melhor num pós-créditos, pois não está relacionada directamente com o filme que se acabou de ver.

Para concluir, devo dizer que este filme funcionou melhor desta vez do que na primeira vez que o tinha visto. E o melhor que posso dizer é que foi ritmado, sem grandes momentos aborrecidos. E seguindo o critério dos minutos de sono, neste filme não adormeci. 

TOP MCU até ao momento:
The Incredible Hulk
Iron Man

(Próximo filme: Iron Man 2. Pelo que me lembro, era muito mau mesmo.)

terça-feira, 15 de novembro de 2016

IRON MAN (2008)


Sim, eu sou um dos grandes haters da Marvel Cinematic Universe (MCU). Há ali tantos filmes e tantos filmes maus. Pelos menos na minha opinião. E o mal de todos os filmes é só um: SÃO TODOS IGUAIS, ainda que tenha gostado de um ou outro. Como diz o ditado popular: "a merda é a mesma, o cheiro é que é diferente". Pode estar relacionado porque nunca fui de ler os comics. O máximo que li foram alguns do Super-Homem. E chega. E atenção que eu dou oportunidade aos filmes. Só que o problema da MCU é que aquilo é uma espécie de saga, em que se não virmos aquilo tudo, vamos andar a nadar em muita coisa. Eles (quem faz os filmes) partem do pressuposto que vimos todos e que nos lembramos de todos os pormenores.
Acontece que à minha volta quase toda a gente adora os filmes da MCU, como se estivéssemos ali, perante os Citizen Kane da actualidade. Não estamos. Mas como há tanta gente, às quais eu levo sempre em conta as opiniões, decidi dar uma nova oportunidade aos filmes. Parece que o melhor mesmo é começar pelo início, ou seja, por Iron Man.

E sejamos sinceros: o sucesso da Marvel e da MCU deve-se 90% a um só homem. É ele Robert Downey Jr. As pessoas ficaram agarradas a estes filmes quase unicamente por causa dele e do seu Tony Stark. Se ele não tivesse resultado no primeiro filme, este Iron Man seria uma valente merda. Acontece que o gajo respira carisma por todos os poros. E se há gajo que nasceu para fazer um papel, este é um desses casos. Porque o filme em si não é nada de especial (ainda assim, melhor que a grande maioria dos filmes deste universo), mas o carisma do gajo eleva o filme. Se não acreditem em mim, tentem imaginar o filme com outro actor e adivinhem os resultados. Todo o sucesso dos filmes seguintes até hoje vieram por arrasto. Foi uma espécie de bola de neve. 
E aqui tenho de dar valor ao actor, pois o personagem tem tudo para não gostarmos dele. Tony Stark não passa de um milionário (ainda que meio sobredotado), mimado, playboy, detestável, mulherengo. Ainda por cima dono de uma empresa fabricante de armas. Tem tudo para ser detestável, mas ainda assim nós curtimo-lo. 
O filme segue a fórmula básica do género. A origem do super-herói e como ele se transforma numa espécie de Robocop com mais apetrechos. Depois há lá um vilão (Jeff Bridges) pelo meio que tem ideias megalómanas. E ao contrário da maioria destes filmes, o vilão não é nenhum monstro, alien ou robot. É antes um homem de fato e gravata. No fim estragam tudo quando metem o Jeff Bridges dentro de um "fato" e o metem a lutar com o Iron Man


Parece que lá no meio também anda um gajo da SHIELD, mas não percebi bem o que anda lá a fazer. Devem ter explicado na parte em que adormeci. Pois, porque uma das formas de avaliar, no futuro, estes filmes (porque vou vê-los todos) vai ser o grau de sono e número de minutos que adormeço em cada um. Neste não fui mais além dos 5/10 minutos adormecido, o que não é mau de todo. 

(Nota: este critério não depende exclusivamente do filme mas de outros factores externos, nomeadamente o cansaço.)

Para finalizar, o filme piorou desde a primeira (e única) vez que o tinha visto há uns anos. Na altura até achei piada ao filme. Hoje achei-o mais banal que vai às costas do carisma do Robert Downey Jr.

Nota final: o próximo será The Incredible Hulk. A wikipedia diz que faz parte do universo, se bem que tenham trocado o actor principal. Já o Hulk do Ang Lee é para mim um dos melhores filmes de super-heróis de sempre.

Antes que me venham "bater" porque falei menos bem de um filme que possam adorar, não se esqueçam que isto não passa de uma opinião. E como tal, é pessoal.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

SCREAM 2 (1997)


Nos anos 90 os filmes americanos ainda demoravam uns meses até estrear por terras lusas. Mas também eram tempos em que a internet ainda não era algo que toda a gente tinha acesso (falo por mim). Havia pouca informação de cinema (pelo menos eu não pesquisava tanto como agora). O que sabia era fruto de ver filmes e mais filmes e coleccionar cassetes de VHS (se tens menos de 15 anos e estás a ler isto, faz uma pesquisa na net para saber o que era esse objecto). 
Numa dessas tardes de uma primavera/verão de 1998, lá fui ao cinema mais um amigo ver uma qualquer matiné que estivesse no Casino da Figueira. O Casino era, na altura o único sítio (ainda havia o Teatro Caras Direitas) com salas de cinema. Tinha duas boas salas onde  passei muitas e muitas horas da minha vida. Tinha uma sala enorme e uma mais pequena. E foi nessa sala mais pequena que, na companhia do meu amigo, fomos ver esta sequela do clássico de Craven. Lá chegávamos nós à sala e estava praticamente vazia. Havia lá duas miúdas giras que estavam sozinhas. Ora, eu tinha 15 anos na altura, e todo o pensamento de um gajo meio-adolescente com borbulhas na cara era só um: "curtir com gajas". E uma sala de cinema vazia é o local ideal para estar acompanhado de uma miúda. O filme começou e confesso que por muito bom que seja o filme (já lá vamos), a minha (e do meu amigo) atenção estava 90% nas miúdas e 10% no filme. Decidimos de forma muito democrática quem ficava com quem. Não sei como foi a forma de decidir, mas sei que me estava destinada a que tinha mamas maiores. Lá tentámos todas as formas de as abordar sem parecer muito "desesperados". Mas qualquer gajo de 15 anos está "desesperado", por muita rapariga a quem arraste a asa. Sei que passámos o filme inteiro a tentar perceber qual seria a melhor abordagem. A certa altura acontece o que mais temíamos: "the end" aparece no ecrã. Elas lá perceberam que éramos totós mas mesmo assim deram-nos conversa, mas só no final do filme. Ninguém curtiu com ninguém, na altura nem vi bem o filme. Ou seja, foram 500 paus (não me lembro bem do preço do bilhete) para o galheiro. No entanto, não trocava esta ida ao cinema por nada. 
Serve esta introdução biográfica para explicar que, na altura, uma ida ao cinema era um ritual quase sagrado. Quase todas as idas ao cinema têm episódios que ainda hoje recordo. Actualmente, uma ida ao cinema é apenas isso, uma ida ao cinema. Como quando vamos a um McDonalds. Vamos lá, mas não vai surgir dali nenhuma memória. 


Bem, na altura não tinha muitas opções de escolha. O Casino tinha duas salas, o que queria dizer dois filmes a escolher. Fui ver este Scream 2 e não fazia ideia do que era isto. Nunca tinha visto o primeiro e só sabia que era de terror. Ou seja, foi esta sequela que me introduziu ao mundo do Ghostface, Sidney e companhia. E pode não ser tão bom como o primeiro, também não era isso que se queria, mas caramba, o filme é divertido como o caraças. E divertido no sentido que um filme de terror tem de ser. Continua a seguir a fórmula do primeiro. O género é completamente desconstruído. Wes Craven manda à merda um género que ajudou a criar nos anos 70/80. Mas manda à merda no bom sentido da palavra. Se o início do primeiro filme é icónico (aquele jogo com a Drew Barrymore), aqui é também ele marcante: uma espécie de meta-cinema, com o filme dentro do filme. Se bem se lembram, aqui temos um casal negro, ou afro-americano (Omar Epps e a Jada Pinkett Smith) que vão ao cinema ver o filme baseado nos episódios do primeiro filme, se é que me faço entender. O público está quase todo mascarado de Ghostface e perante os olhares das centenas de espectadores a personagem da Jada P. Smith é esfaqueada até à morte, como a dizer que já é impossível impressionar uma pessoa que vai ver um filme de terror. 
Depois o filme é quase uma cópia do primeiro. O Randy (Jamie Kennedy) com as suas regras dos filmes de terror, a Sidney (Neve Campbell) a ser perseguida, a Gale (Courtney Cox) como repórter que mais parece que trabalha para o Correio da Manhã, o Dewey (David Arquette) como o polícia totó. 

É divertido, tem suspense, bem representado e tem uma jovem Sarah Michelle Gellar a ser perseguida pelo assassino. E ter uma jovem Sarah Michelle com ar colegial é sempre positivo.

A saga em si continua a ser, para mim, a mais regular do terror. Tem quatro filmes, e todos eles bons, se bem que nenhum seja o primeiro. Em mais nenhuma saga temos esta consistência!

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

THE CONJURING 2 (2016)


Há um subgénero dentro do terror que trata o tema das casas assombradas. A minha relação com o primeiro The Conjuring é de amor/ódio. Comecei por não gostar. Mais porque toda a gente adorava o filme. Vi gente a comparar o filme com o Exorcista. Revi o filme uns meses mais tarde e aí já gostei mais. Continuo a achar que é sobrevalorizado. Não reinventou nenhum género. Aliás, achei bem superior o filme da mesma altura, o Insidious, que é do mesmo realizador. Mas ainda assim pregou-me uns cagaços, e isso é sempre de louvar num filme de terror.
Para esta sequela não tinha nenhuma expectativa. Normalmente as sequelas de filmes de terror são quase sempre inferiores. Mas aqui, digo desde já que não é esse o caso. Este é um filme bem melhor que o antecessor. Começo a achar que James Wan é o novo mestre do terror. 
Antes de mais, tenho de dizer que este filme é tudo menos original. O que não falta por aí são filmes onde temos casas que rangem (check), famílias com filhos (check), espíritos que atormentam a casa (check), espíritos que atormentam um dos filhos (check), "exorcistas" (check). O que se destaca neste filme é mesmo a forma como as coisas são feitas, e aqui honra seja feita ao realizador. É que lá por terem todos a mesma ideia de base, não quer dizer que não possamos fazer a mesma história, mas em bom. 


O filme começa por parecer mais um cover da história de Amityville, tudo para nos dar aquele truque mais velho que o cinema do based on a true story. São tantos os filmes baseados em miúdas que são possuídas por algum demónio, mas que nunca tinha ouvido falar na realidade. Serve essa introdução para nos lembrarmos que os principais do filme é o casal Warren, uma espécie de caças-fantasmas. 
Depois somos transportados para Londres dos anos 70 (música, penteados, roupas...). A família é apresentada, mãe sozinha com 3 filhos, e percebemos logo que a miúda do meio vai ser possuída por alguma entidade. Há lá no meio um jogo de Ouija, tão batido nesta altura. 
O bom deste filme não é propriamente a história, mas como é contada. Aquilo que eu pretendo quando vejo este tipo de filmes é mesmo ser acagaçado. E este filme não dá descanso. São situações sucessivas que nos deixam com o coração aos pulos. Alguns deles são relativamente previsíveis mas eficazes. Aliás, há um momento em que o cão toca uma campainha que tem quando quer sair de casa. Ora, já sabemos que aquela campainha vai servir para pelo menos um jump-scare. São elementos previsíveis mas que acabam por nos assustar ainda assim. E isso deve-se à realização (som incluído). Depois é o tipo de filme que não precisa de muitos efeitos especiais. Joga-se com as sombras, e os próprios demónios são fruto de uma boa caracterização. Há inclusiva uma cena que parece toda ela feita em stop-motion: ver o cão transformar-se pareceu tão real. 
Finalmente, uma pequena vénia às miúdas pelas muito boas performances, principalmente da que foi possuída. É certo que há ali trabalho de caracterização, mas principalmente de acting. E esse é excelente.

O filme acaba por ser um pouco longo, mas caramba, passa a correr, pois somos "massacrados" com tensão e susto atrás de susto. 
De longe, é melhor que o primeiro, e um dos melhores filmes de terror deste ano!