quinta-feira, 21 de junho de 2018

1986 (2018)


Já todos sabemos que estamos a viver uma época de nostalgia na cultura pop... e nostalgia de uma época específica. Não que os anos 80 sejam melhores ou piores que uma outra década qualquer... Mas tem qualquer coisa de mágico. Ou então, porque homens feitos (e mulheres) tiveram a sua juventude (os melhores anos) nesta altura. Não sei explicar a razão. Mas no cinema, já tivemos filmes como Super 8It ou Ready Player One que vivem muito desse sentimento nostálgico. Na música são frequentes as colectâneas dos anos 80 a serem lançadas. O sucesso de Mamma Mia foi o que se viu. 
E em Portugal isso não é excepção. E Nuno Markl é o maior culpado disso. Não por causa desta série (mas também), mas porque há uns anos criou uma rubrica de rádio, a "Caderneta de Cromos", onde vasculhava nas suas memórias de infância e juventude por tudo o que o marcou, desde música, filmes, objectos, séries, jogos, etc. Com a rubrica de rádio vieram espectáculos ao vivo e livros. Com isto, vieram cromos "repetidos" ou inspirados nisto. São muitos os livros que se dedicam ao mercado das memórias: uns virados para o humor, outros apenas  como colectâneas de coisas, entre outros. 
Ainda na rádio, a M80 continua a crescer com o seu público fiel. As festas, como por exemplo as Revenge of the 90s, andam na moda. 


Voltamos a Nuno Markl. O homem é um totó puro. Mas no bom sentido da palavra. Colecciona coisas, tem a cave mais famosa do país. E entre as 3279 coisas que faz no dia-a-dia, ainda idealizou e co-escreveu a série de que vos falo: 1986.

Já li dezenas de comentários à série. E a minha opinião não é muito diferente de muitas. Por isso não tenho muita coisa nova a acrescentar.
O que se nota acima de tudo, e independentemente de gostarmos ou não, é que se nota que foi escrita e feita com coração. E isso é o mais importante. Claro que vai ter os haters do costume... Mas, hoje em dia, tudo tem haters... E isso acaba por ser sinal de que por alguma razão, a série marcou. 
Mas será que é a melhor série do mundo? Claro que não... (no entanto, espero que o seu criador ache que sim). Nem tinha que o ser. Até porque não há nada a provar.
A história é aparentemente simples: em época de eleições (a tão famosa 2ª volta das presidenciais de 1986), um puto geek apaixona-se pela betinha da turma. Os pais de ambos são completamente antagónicos (um apoia o Freitas do Amaral, o outro tem que se contentar com o Mário Soares). 


Depois há um conjunto de personagens secundárias que enriquecem a trama: o amigo que só pensa em sexo, o beto meio bully, a gótica, a professora boazona que se apaixona pelo pai do personagem principal, o professor homossexual, o gajo que tem uma rádio pirata, a mãe da Marta, e a Ana Bola (há mais, eu sei). 
Despacho já o que não gostei da série: nos primeiros episódios, a sensação que me deu (e isto é uma leitura pessoal) é que parecia que havia necessidade de introduzir referências, quase que a martelo. E isso quebrava um pouco o ritmo da história. Creio que não era necessário usar essa ferramenta para conseguir que o espectador "vivesse", durante os 45 minutos de cada episódio, naquela época. Basicamente, por vezes isso pareceu-me forçado. E esse foi o maior ponto negativo.

No entanto, o resto a apontar é tudo positivo, onde destaco duas coisas: o elenco e a estrutura de cada episódio. 
Ora, o elenco é bestial: é o que dá fazer um casting sério e escolher os melhores e não ir a uma agência de modelos. Claro que os actores "adultos" não têm nada a provar e mostram que são bons. Basta um bom texto, e um bom actor sabe o que faz com ele. Li algures alguém que não gostava do excesso de "gritaria" nos actores que fazem de pais, o Adriano Carvalho e o Gustavo Vargas. Percebo esse ponto de vista, mas eu acho que nesses momentos eles acabam por ser uma espécie de comic-relief. E a mim fez-me rir. Mas claro que os heróis são os miúdos, e aqui não posso apontar nada de negativo. Sim, nota-se que o actor principal, o Miguel Moura e Silva, ainda um pouco verde, algo que se vai desvanecendo à medida que os episódios vão avançando. Não sei se a série foi filmada cronologicamente, mas nota-se uma evolução. E essa "verdura" acaba por se enquadrar bem com o personagem que está a interpretar.
Ainda assim, acho que o maior destaque vai para Laura Dutra, que faz a Marta. A naturalidade com que interpreta o papel, com os vários registos que vai tendo. Só digo uma coisa: impecável.


Além do elenco, destaco ainda a forma como os episódios foram escritos e idealizados. Cada episódio como uma homenagem a algo. Além do último episódio (o meu preferido), gostei bastante do episódio Juntos em Sonhos Elétricos" e o da bomba. É que adoro os filmes Electric Dreams e Breakfast Club. E se por um lado, e por conhecer tão bem os filmes em questão, eu adivinhava o que iriam os personagens fazer, por outro, gostei dessa previsibilidade. Afinal esses filmes não estão esquecidos, nomeadamente o Electric Dreams. Pensei que ninguém se lembrava desse filme a não ser eu. Aliás, a música é mais famosa que o próprio filme.

Claro que desejo que a série regresse para mais uma temporada. Apenas uma... para poder fechar todas as histórias. Uma boa série não precisa de 10 temporadas para ficar na história. Os Pequenos Vagabundos (Les Galapiats) ou Verão Azul não precisaram de mais de uma ou duas temporadas para ainda hoje serem lembradas.

Se os anos 60/70 tiveram em Conta-me Como Foi (a melhor série portuguesa de sempre), os anos 80 têm 1986. O que estará reservados para a década de 90?

domingo, 10 de junho de 2018

JURASSIC WORLD: FALLEN KINGDOM (2018)


Vamos ser sinceros: a magia que sentiram a ver o primeiro filme foi-se. Nunca mais vão sentir isso... a sério. Escusam de estar à espera do filme que vai ser o santo-graal. Isso não vai acontecer. Por isso, ou ficam a chorar em posição fetal na vossa cama, ou interiorizem essa ideia e aceitem que os filmes da saga Jurassic são puro entretenimento, monster-movies. Não pretendem encontrar a última Coca-Cola do deserto, não concorrem ao Oscar de melhor filme. E o que se passa com a maioria dos monster-movies? Cagam muitas vezes para o realismo. 

 SPOILERS

Aqui temos isso tudo: monsters, ou melhor, os dinossauros, uma ilha em ebulição, pronta a explodir, vilões estereotipados. Confesso que curti à brava. Sim, parece que temos dois filmes diferentes dentro do mesmo filme. Na primeira parte temos o resgate dos dinossauros da ilha. E aqui há adrenalina e uma despedida da ilha de Nublar que é capaz de provocar uma lágrima aos mais sensíveis. E aquele money-shot do Braquiossauro?? Do caraças. 
Passamos depois à segunda parte, que se passa toda numa mansão ou se desenrola um leilão dos dinossauros. Aqui continuamos com a adrenalina e o terror. 

O filme está carregadinho de cenas que invocam os filmes anteriores, nomeadamente o primeiro. Uns poderão dizer que é preguiçoso, outros que se trata de uma cópia ou plágio. Depois há outros que poderão dizer que é homenagem. Pessoalmente, não vejo mal nenhum nisso... lembra-nos que estamos no universo Jurássico, acabam por ser uns mimos aos fãs da saga, e depois nunca nos distraem do desenrolar da história. O CGI está mais realista, o que no cinema de hoje em dia acaba por ser um caso raro. 
Do lado negativo, ainda não sei bem o que achar do que fizeram com o caso da miúda, ou o facto de ela própria ser um clone. Achei que puxaram demasiado a corda... Vamos ver onde vão com isso.

O filme acaba por ser uma bela despedida do Parque em si, e abre-se a porta para o mundo em geral.