segunda-feira, 31 de outubro de 2016

THE LAST HOUSE ON THE LEFT (2009)


Quando nos anos 70, Wes Craven realizou The Last House on the Left, este estava longe de imaginar que iria ser o rei do terror, reimaginando o género várias vezes. A saga de Elm Street e os filmes de Scream foram pontapés no charco e lufadas de ar fresco num género onde é fácil copiar.
Ora Craven começou por esse The Last House on the Left. Era um filme cru, sujo. A história era simples. Uma rapariga é violada e deixada às portas da morte por um grupo. Durante uma tempestade esse grupo pede guarida numa casa, que curiosamente era habitada pelos pais da rapariga. Os pais descobrem o que aconteceu à filha e decidem vingar-se. O remake segue a mesma história.
Confesso que vi primeiro o remake e só depois o original. Foi numa altura em que estava na moda refazer todos esses clássicos de terror. Para mim, este era menos conhecido. Não tinha o Freddy Krueger, o Jason Voorhees ou o Michale Myers, filmes que também sofreram remakes. Este era mais real.
E se é um remake, claro que todos comparam com o original. É normal isso acontecer, mesmo que estejam separados por 40 anos. Como já o disse, o filme de Craven era mais sujo, os personagens não tinham qualquer sex-appeal, era mais verdadeiro. Mesmo a cena da violação era mais violenta. Mas isso também aconteceu numa época em que o politicamente correcto não era tão marcado. Agora não podemos mostrar nada para não ferir susceptibilidades dos meninos que vão ao cinema. Ainda assim, esta nova versão tenta fugir a isso. Apesar de limpinho, o filme acaba por marcar porque tenta ir mais além que os outros. 
Por causa disso, gostei bastante desta versão de uma história de vingança, ou antes de "justiça pelas próprias mãos".

Não sou pai mas quero ser. E sempre disse que gostava de ter uma filha. Se me colocasse no lugar daqueles pais cuja filha foi baleada e violentamente violada, tenho a certeza absoluta que faria igual ou pior do que aquilo que foi retratado no filme. Nunca fui a favor da chamada "justiça popular". Temos de acreditar na Justiça, nas leis, etc. Se assim não for, não somos mais que animais. Mas quando se trata de um filho a ser atacado, o caso muda de figura. Porque este não é o caso de uma miúda que levou um estalo da uma colega na escola. É impossível sentir o que sente um pai numa situação destas, a menos que passemos por ela. E é isso que o filme trata. Uns pais que não pensam na Justiça (legal), mas em punir quem fez aquilo à filha (mesmo que no final isso não desfaça o que foi feito).


E gosto do filme porque isso é bem retratado. Os actores, mesmo parecendo saídos de um catálogo da La Redoute são impecáveis. A começar nos pais e acabando no grupo vilão. Nesse grupo a destacar o Aaron Paul, que consegue transmitir um ar de lunático e tarado que quer papar a mãe.
Esqueçamos aqueles primeiros vinte minutos que não interessam para nada. Em pouco tempo, contado de uma outra maneira, conseguiríamos criar a empatia com as vítimas e pais. Não eram precisas tantas cenas para encher chouriços.
Ao fim ao cabo, mesmo com esse ar limpinho que referi, não deixa de ser preciso estômago para ver o filme.


E depois termina com uma pièce de résistance, onde o vilão principal termina com a cabeça dentro do micro-ondas até explodir. E gostei disso porque depois de toda a tortura do filme, conseguimos terminar com um sorriso nos lábios.
Por isso não rejeitem logo à partida o filme por se tratar de um remake.

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