sexta-feira, 28 de outubro de 2016

RED EYE (2005)


Wes Craven é um tipo obrigatório quando falamos em cinema de terror. Começou com o clássico, nos anos 70, low-budget The Last House on the Left. Aproveitou a boleia do Massacre no Texas e fez o muito bom The Hills Have Eyes. Nos anos 80, bastaria referir o nome de Freddy Krueger, mas ainda tem no currículo filmes como Swamp Thing ou o injustamente esquecido The Serpent and the Rainbow. Nos anos 90, reinventou-se a si próprio e o género de slasher com a saga Scream (todos os filmes foram realizados por ele) e ressuscitou Krueger com o New Nightmare (para mim o melhor filme da saga). Acontece que chegou o novo século e Craven andou meio perdido com filmes de merda: Music of the Heart, que é esta merda?? Cursed e My Soul To Take são cocó em forma de filme. Mas ali no meio fez um pequeno filme de nome Red Eye.

SPOILERS

Red Eye foi uma surpresa. Parece ser um banal filme de suspense, mas são os pequenos truques que só Craven sabe que o tiram dessa banalização. Acaba por ser o filme menos "craveniano", se esquecermos aquele filme que ninguém conhece mas que tem a Meryl Streep. Não há tripas de fora, não há grandes sustos. Aqui há o psicológico a funcionar. 
E eu adorava ter visto o filme sem saber nada dele. Começa por parecer um filme romântico. Homem e mulher conhecem-se no aeroporto enquanto esperam um voo. E estabelecem logo uma boa química para para romântico. É sempre bom ver Rachel McAdams e o seu sorriso. O Cillian Murphy, apesar do ar de lunático que sempre teve, aparenta ser uma pessoa que humidifica as mulheres. 
E mesmo parecendo um filme romântico de sábado à tarde, fico agarrado à cadeira só para os ver conversar. São coisas banalíssimas mas que acabam por nos prender. Acontece que do nada, o homem dá o twist e pumba: apresenta-se como um assassino que tem o pai da mulher raptado, e se ela não fizer uma simples chamada, o pai dela é morto. E ele diz isto de uma forma tão vulgar que ela pensa que ele está a brincar. Isto tudo enquanto estão sentados lado a lado no avião.


O filme é bastante curto (não chega aos 80 minutos) o que só joga a seu favor. Wes Craven cingiu-se ao que era importante: estabelecer a relação entre os dois e depois a acção propriamente dita. O gajo brinca com todos os clichés do cinema do género, da mesma forma que já tinha feito com o Scream e o género do slasher.

Mas o que mais gosto no filme é mesmo o par protagonista. Nunca tinha dado nada pelo Cillian Murphy, mas aqui, caramba, o gajo está impecável. Consegue ter aquele ar por quem nutrimos empatia, e depois de se revelar como vilão, gostamos de o ver a fazer o que faz. Até depois, lá para o final, de ter uma caneta espetada na garganta (ou traqueia), e ter uma voz de quem fuma 5 maços de tabaco por dia, é divertido vê-lo. Então com aquele lenço enrolado no pescoço, é impossível não esboçar um sorriso. É daqueles vilões que queremos ver morrer mas, ao mesmo tempo, queremos é vê-lo actuar. 


Depois temos a Rachel McAdams, que no ano anterior tinha sido uma das melhores vilãs (mulheres) no Mean Girls. Aqui, temos mais uma mulher heroína num filme do Craven (depois da Neve Campbell). Consegue transmitir o que está a passar e no final ainda se revela uma mulher de força, na cena em casa do pai. E depois é tão gira que me dá vontade de a levar para casa para tratar dela.
Ainda uma palavrinha para Brian Cox, que bem poderia ser um actor qualquer que não faria diferença. Mas é o Brian Cox e isso é sempre positivo. E já que o temos no elenco, então que seja ele o autor do tiro final no vilão. 

Aconselho mesmo o filme, que é cheio de suspense psicológico mas ao mesmo tempo é divertido. 

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