segunda-feira, 4 de abril de 2016

IT FOLLOWS (2014)


Antigamente, era eu um puto sem grande história, tinha uma espécie de jogo com os amigos da escola. Ora, era a chamada "pessonha". E o que era a "pessonha"? Era uma espécie de coisa nojenta (ninguém sabe ao certo o que era) que se passava às outras pessoas só pelo toque. Ou seja, uma variação muito esquisita do jogo da apanhada. Na apanhada, uma pessoa corria atrás de outros para os apanhar. O local onde a pessoa estava a salvo tinha o peculiar nome de "coito". Não me perguntem porquê, mas na altura para mim o coito era isso. Só muito mais tarde é que o "coito" passou a ser aquilo que adulto normal entende o que é. Na "pessonha" não havia coito para nos salvar. Quem tinha "pessonha" era a pessoa mais nojenta que existia. Ora, se eu passasse essa maldição à miúda mais boa da escola, ela passava automaticamente a ser a boazona na mesma, mas nojenta. Não quero cair na tentação de fazer uma piada parva e negra com isto, mas dá para fazer uma série de metáforas e analogias à vida adulta.
Serve esta espécie de introdução para falar deste filme de terror que caiu de pára-quedas. A história é simples mas eficaz. Um tipo sofre uma espécie de "maldição" e para passar a outra pessoa tem de pinar com ela. Engata a personagem principal do filme e a partir daí ela vai ser perseguida por uma entidade/maldição/"pessonha" que a quer matar. A razão para isso não interessa nem nos é dada.

O cinema de terror actual padece de um mal geral de Hollywood. É tudo a mesma merda. Uns jump-scares, alguns filmes muito gore e tal, mas depois esmiuçamos um bocado e não sai suminho nenhum. 
No entanto, e como existe sempre a excepção à regra, há alguns que se destacam, mesmo que ninguém os veja. Normalmente são aqueles filmes que ninguém vê. E é pena porque depois não há ninguém para conversar sobre ele.
It Follows é um desses casos. Não temos sustos a torto e a direito, mas temos algo melhor. Temos aquele sentimento meio esquisito de arrepio na espinha. Estamos sempre desconfortáveis.
Ora, um filme que me faz estar sempre arrepiado e a mexer na cadeira tem de ter alguma coisa diferente. E este tem. Mesmo que o ritmo seja lento, como a velocidade da "entidade maligna", o que é certo é que nos atinge. É preciso tempo para criar essa tensão, que vai em crescendo ao longo do filme.
Venham mais filmes assim que fazem falta, mesmo que para isso tenham de fazer 50 filmes iguais.

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