quinta-feira, 31 de outubro de 2024

TO KILL WITH INTRIGUE (1977)

To Kill with Intrigue é mais um daqueles filmes de artes marciais de Hong Kong que resulta da parceria entre o realizador Lo Wei e Jackie Chan. Este filme é, no entanto, uma excepção na carreira de Chan, já que, ao contrário de seu típico estilo cómico de luta, ele protagoniza uma história mais sombria, que envolve vingança, violência e amor trágico.

Ora no filme, Chan interpreta Lei Shao-feng, o herdeiro de uma família nobre que é atacada pelo clã de assassinas conhecido como Killer Bees. A líder das Killer Bees, Ding Can (interpretada por Hsu Feng), poupa Shao-feng após assassinar a sua família e fica estranhamente apanhadinha por ele. Isso desencadeia um relacionamento enigmático e disfuncional, que é marcado tanto por violência como por sentimentos contraditórios, e aí sim, vão sendo explorando temas de amor, ódio e vingança.

Embora o filme comece com uma premissa interessante e mesmo dramática, centrada em traições e emoções profundas, ele vai acabando por perder alguma coerência. A história segue uma linha confusa com personagens que entram e saem da narrativa, subplots que se desenrolam sem muita explicação e cenas de luta que, em vez de acrescentarem à narrativa, parecem por vezes deslocadas e desconexas. E sim, eu sei que vemos estes filmes pelas cenas de luta. Este desvio torna o filme confuso e dilui o impacto emocional e dramático que Lo Wei tenta construir. 
Muitos críticos e fãs interpretaram essa mudança como uma falta de foco da realização, que tenta misturar romance e vingança com um estilo de artes marciais que não se alinha com a abordagem de Chan.


To Kill with Intrigue foi um dos primeiros filmes em que Lo Wei dirigiu Chan, e a colaboração entre eles sempre foi tensa. Lo Wei, um realizador tradicional de filmes de acção, via em Chan uma estrela para substituir Bruce Lee, mas, ao mesmo tempo, não dava a Chan a liberdade criativa que ele desejava. Lo Wei insistia em moldar Chan para o papel de um herói sério e trágico, o que era claramente contrário ao talento natural de Chan para a comédia física e as suas habilidades de acrobacia.

Essa falta de alinhamento criativo contribuiu para a falta de coesão em To Kill with Intrigue e levou ao fim da parceria entre os dois, permitindo que Chan finalmente seguisse em direcção a um estilo próprio que mais tarde definiria toda a sua carreira.

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