Shaolin Wooden Men é um dos primeiros filmes de Jackie Chan enquanto protagonista, e foi lançado numa época em que ele ainda estava a tentar sair da sombra de Bruce Lee. Neste filme, Jackie Chan interpreta Little Mute, um jovem que não só é mudo, mas também carrega um passado doloroso: ele testemunhou a brutal morte do seu pai. Este evento traumático molda toda a sua jornada enquanto tenta aprender kung-fu, ultrapassar o seu medo e, claro, obter vingança. Sim, porque isto é uma história de vingança.
A narrativa gira em torno da sua formação no templo Shaolin. E uma das particularidades deste templo? Os famosos “Homens de Madeira” (Wooden Men) que dão título ao filme. São uma série de "estátuas" de madeira que parecem saídas de um parque de diversões mortal para praticantes de kung-fu. Não são os adversários mais simpáticos, mas fazem parte do treino essencial para qualquer aprendiz de Shaolin. É como passar num exame da escola, mas em vez de resolver equações ou escrever redações, tens de lutar contra uma linha de bonecos de madeira que te tentam matar à porrada.
Ao longo do filme, Little Mute vai aperfeiçoando as suas habilidades em diferentes estilos de kung-fu, de diferentes mestres, o que oferece uma verdadeira jornada de autodescoberta. O rapaz não é apenas bom no tau-tau, mas tem coração. À medida que desenvolve as suas técnicas, ele também vai ganhando uma espécie de "sabedoria zen", enfrentando os seus próprios demónios internos (e externos) e preparando-se para vingar a morte do pai.
Depois, o filme oferece uma galeria de paisagens deslumbrantes. Desde os belos templos até as montanhas e florestas, há algo poético nas locais escolhidos, o que torna Shaolin Wooden Men muito mais do que apenas um filme de ação — é quase uma experiência espiritual. E os combates? É impossível não reparar nas coreografias bem elaboradas, marca de Jackie Chan, que desde cedo mostra a sua criatividade e destreza física.
E finalmente a vingança: o clássico confronto final, onde Little Mute finalmente enfrenta o responsável pela morte do seu pai. É aquele tipo de cena que faz o público segurar a respiração, apesar de sabermos que Jackie Chan vai sair vitorioso. O seu personagem evoluiu de um rapaz traumatizado e silencioso para um guerreiro completo, capaz de enfrentar os seus medos (e os seus inimigos).
O legado de Shaolin Wooden Men estende-se até a obras como Kill Bill, de Quentin Tarantino. O filme de Tarantino é uma verdadeira homenagem aos clássicos de kung-fu dos anos 70, e não há como ignorar as semelhanças, especialmente no treino da Noiva sob a tutela do mestre Pai Mei. Ambos os filmes exploram o processo de aprendizagem no kung-fu como uma jornada espiritual e emocional, envolvendo superação pessoal, disciplina e, claro, muita vingança.
Shaolin Wooden Men é um exemplo perfeito do início da carreira de Jackie Chan, onde ele ainda estava a encontrar o seu estilo, misturando ação e humor. Apesar do seu personagem não dizer uma palavra durante quase todo o filme, as suas acrobacias falam por ele.
Por detrás de toda a ação e cenários exóticos, há uma história de redenção e superação. Little Mute transforma-se num herói que não só bate em bonecos de madeira, mas também vence as suas limitações pessoais, superando o trauma da infância e encontrando paz.
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