quarta-feira, 9 de novembro de 2016

SCREAM 2 (1997)


Nos anos 90 os filmes americanos ainda demoravam uns meses até estrear por terras lusas. Mas também eram tempos em que a internet ainda não era algo que toda a gente tinha acesso (falo por mim). Havia pouca informação de cinema (pelo menos eu não pesquisava tanto como agora). O que sabia era fruto de ver filmes e mais filmes e coleccionar cassetes de VHS (se tens menos de 15 anos e estás a ler isto, faz uma pesquisa na net para saber o que era esse objecto). 
Numa dessas tardes de uma primavera/verão de 1998, lá fui ao cinema mais um amigo ver uma qualquer matiné que estivesse no Casino da Figueira. O Casino era, na altura o único sítio (ainda havia o Teatro Caras Direitas) com salas de cinema. Tinha duas boas salas onde  passei muitas e muitas horas da minha vida. Tinha uma sala enorme e uma mais pequena. E foi nessa sala mais pequena que, na companhia do meu amigo, fomos ver esta sequela do clássico de Craven. Lá chegávamos nós à sala e estava praticamente vazia. Havia lá duas miúdas giras que estavam sozinhas. Ora, eu tinha 15 anos na altura, e todo o pensamento de um gajo meio-adolescente com borbulhas na cara era só um: "curtir com gajas". E uma sala de cinema vazia é o local ideal para estar acompanhado de uma miúda. O filme começou e confesso que por muito bom que seja o filme (já lá vamos), a minha (e do meu amigo) atenção estava 90% nas miúdas e 10% no filme. Decidimos de forma muito democrática quem ficava com quem. Não sei como foi a forma de decidir, mas sei que me estava destinada a que tinha mamas maiores. Lá tentámos todas as formas de as abordar sem parecer muito "desesperados". Mas qualquer gajo de 15 anos está "desesperado", por muita rapariga a quem arraste a asa. Sei que passámos o filme inteiro a tentar perceber qual seria a melhor abordagem. A certa altura acontece o que mais temíamos: "the end" aparece no ecrã. Elas lá perceberam que éramos totós mas mesmo assim deram-nos conversa, mas só no final do filme. Ninguém curtiu com ninguém, na altura nem vi bem o filme. Ou seja, foram 500 paus (não me lembro bem do preço do bilhete) para o galheiro. No entanto, não trocava esta ida ao cinema por nada. 
Serve esta introdução biográfica para explicar que, na altura, uma ida ao cinema era um ritual quase sagrado. Quase todas as idas ao cinema têm episódios que ainda hoje recordo. Actualmente, uma ida ao cinema é apenas isso, uma ida ao cinema. Como quando vamos a um McDonalds. Vamos lá, mas não vai surgir dali nenhuma memória. 


Bem, na altura não tinha muitas opções de escolha. O Casino tinha duas salas, o que queria dizer dois filmes a escolher. Fui ver este Scream 2 e não fazia ideia do que era isto. Nunca tinha visto o primeiro e só sabia que era de terror. Ou seja, foi esta sequela que me introduziu ao mundo do Ghostface, Sidney e companhia. E pode não ser tão bom como o primeiro, também não era isso que se queria, mas caramba, o filme é divertido como o caraças. E divertido no sentido que um filme de terror tem de ser. Continua a seguir a fórmula do primeiro. O género é completamente desconstruído. Wes Craven manda à merda um género que ajudou a criar nos anos 70/80. Mas manda à merda no bom sentido da palavra. Se o início do primeiro filme é icónico (aquele jogo com a Drew Barrymore), aqui é também ele marcante: uma espécie de meta-cinema, com o filme dentro do filme. Se bem se lembram, aqui temos um casal negro, ou afro-americano (Omar Epps e a Jada Pinkett Smith) que vão ao cinema ver o filme baseado nos episódios do primeiro filme, se é que me faço entender. O público está quase todo mascarado de Ghostface e perante os olhares das centenas de espectadores a personagem da Jada P. Smith é esfaqueada até à morte, como a dizer que já é impossível impressionar uma pessoa que vai ver um filme de terror. 
Depois o filme é quase uma cópia do primeiro. O Randy (Jamie Kennedy) com as suas regras dos filmes de terror, a Sidney (Neve Campbell) a ser perseguida, a Gale (Courtney Cox) como repórter que mais parece que trabalha para o Correio da Manhã, o Dewey (David Arquette) como o polícia totó. 

É divertido, tem suspense, bem representado e tem uma jovem Sarah Michelle Gellar a ser perseguida pelo assassino. E ter uma jovem Sarah Michelle com ar colegial é sempre positivo.

A saga em si continua a ser, para mim, a mais regular do terror. Tem quatro filmes, e todos eles bons, se bem que nenhum seja o primeiro. Em mais nenhuma saga temos esta consistência!

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