terça-feira, 11 de novembro de 2025

FREAKIER FRIDAY (2025)


 

A crítica que ninguém pediu.

Antes de mais: será que precisávamos de uma sequela de Freaky Friday, mais de 20 anos depois??

Desta vez, Anna (Lindsay Lohan) é uma produtora musical e mãe solteira da adolescente Harper (Julia Butters). Ela está prestes a casar com Eric (Manny Jacinto), que tem uma filha, Lily (Sophia Hammons). No meio da confusão de conciliar duas famílias, o raio mágico volta literalmente a cair, através de uma cartomante numa despedida de solteira.

Mas a Disney, aparentemente com medo de ser demasiado simples (???), decidiu que dois corpos a trocar não eram suficientes. De repente, temos quatro pessoas a trocar de corpos: Tess acaba no corpo de Lily, Lily no corpo de Anna, Anna no corpo de Harper, e Harper no corpo de Tess. O objetivo? Voltar aos seus corpos antes do casamento de Anna.

E aqui reside o primeiro grande problema: a decisão de fazer a troca a quatro. Se no "original" de 2003, Freaky Friday, a dualidade mãe/filha já criava a dose perfeita de comédia e emoção, esta versão é uma confusão desnecessária. É preciso um diagrama para acompanhar quem está onde, e o resultado é um guião que se esforça demasiado para ser "mais doido" (freakier) e acaba por ser apenas confuso. Perde-se a simplicidade e o foco emocional que tornaram o primeiro filme tão cativante.

Depois, se estamos à procura de piadas novas e memoráveis que se juntem ao panteão da comédia familiar, podemos parar de procurar. O filme repete a fórmula — adolescente a tentar ser adulto, adulto a tentar ser adolescente — mas o novo material é lamentavelmente desprovido de gags realmente engraçados. A maioria das situações cómicas são previsíveis, assentes em anacronismos cansados sobre a Geração Z e a Geração X, que deixa o público mais a revirar os olhos do que a rir. É uma sequela de comédia que falha no quesito mais importante: não é muito engraçada.

Mas vamos ao elefante na sala: para os fãs de Mean Girls e Freaky Friday de 2003, há uma barreira psicológica: ver Lindsay Lohan a fazer de mãe estressada de uma adolescente, e pior, ver o seu eu adulto a ser interpretado por uma miúda da Geração Z.

É estranho. É como se a nossa memória coletiva da Anna Coleman, a rocker rebelde, estivesse a protestar. Não estávamos preparados para a Lindsay Lohan "mãe adulta responsável", e o filme não nos dá muito tempo para nos habituarmos à ideia antes de a atirar de volta para o caos da adolescência (no corpo de outra pessoa). A nostalgia é boa, mas o choque da passagem do tempo é real e, neste caso, um pouco melancólico.

Dito isto, há um raio de sol neste pântano de confusão nostálgica: Jamie Lee Curtis. Ela é, indiscutivelmente, o melhor do filme. O seu desempenho, seja a tentar ser uma pré-adolescente a fazer tiktoks ou uma rocker dos anos 2000, é uma masterclass de comédia física e de entrega total. Ela atira-se para o papel com uma alegria desenfreada, capturando a essência da adolescente no corpo de uma avó com uma energia que é simplesmente contagiante. É a sua performance que, ocasionalmente, salva o filme de cair no esquecimento total.

No final, Freakier Friday parece mais uma obrigação contratual para capitalizar a nostalgia do que uma história que precisava ser contada. É mais do mesmo, mas com menos coração e mais enredo desnecessariamente complicado.

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