terça-feira, 15 de abril de 2025

LES TROIS MOUSQUETAIRES: D'ARTAGNAN (2023)


"Les Trois Mousquetaires: D’Artagnan" (2023) é o tipo de filme que grita "produção milionária" em cada frame — mas não num mau sentido, tipo aqueles filmes empacotados em CGI até aos ossos. Nada disso. Aqui sente-se o cheiro da terra molhada, o peso das espadas e o frio dos castelos mal iluminados. Parece que em vez de construírem estúdios, decidiram simplesmente ocupar a França inteira. Cada cena parece gritar: “Isto não foi feito em estúdio, isto foi filmado com cavalos verdadeiros, espadas a sério e provavelmente uma quantidade considerável de lama autêntica.” Resultado? Visualmente deslumbrante, quase dá vontade de vestir uma capa e sair a correr para o campo.

A realização é impecável — Martin Bourboulon conduz a história com a mesma elegância com que um mosqueteiro empunha a sua espada: firme, estiloso e com um je ne sais quoi moderno que nos faz esquecer que esta história tem barbas tão longas quanto as de Richelieu. É um daqueles casos raros em que o respeito pelo clássico não impede o filme de parecer fresco, urgente e com ritmo.

Quanto ao elenco, é tudo gente que sabe o que está a fazer. Ninguém está ali só para posar com espada ou fingir sotaques. Cada um tem o seu momento de brilhar (ou sangrar, ou ambos). E D’Artagnan, interpretado com aquela energia jovem que dá vontade de gritar "Tous pour un!", convence do início ao fim.

  Mas quem me deixou completamente desarmado foi Lyna Khoudri. Que presença! Que olhar! Que beleza! Se fosse eu no lugar de D’Artagnan, o duelo com Rochefort teria acabado mais cedo só para poder voltar mais depressa ao olhar dela. Verdade seja dita: fiquei de queixo caído e, sinceramente, ainda estou à procura dele.  

No fundo, este D’Artagnan é como um bom vinho tinto francês: encorpado, elegante, um pouco dramático e com um final que nos deixa a querer mais. este D’Artagnan é um épico francês que prova que o cinema de capa e espada pode, sim, ser sexy, intenso e cheio de garra no século XXI.