segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

ANATOMIE D'UNE CHUTE (2023)

"Sometimes a couple is kind of a chaos and everybody is lost. Sometimes we fight together and sometimes we fight alone, and sometimes we fight against each other, that happens." 

Dizem que "Anatomia de uma Queda" é um filme de tribunal. E é... só que é muito mais que isso. Mulher acusada de matar o marido tem de se defender em tribunal, o que vai trazer à baila todos os problemas do casal: culpa, traições,  sexo ou falta dele, intimidade, etc.. Por isso, este filme é um retrato do casamento (ou de muitos casamentos que há por aí).

Depois é um óptimo exemplo de filme a ser estudado numa escola, seja sobre edição, realização ou representação.  E que actores foram buscar. A começar pela actriz principal, Sandra Huller. Chegamos ao fim do filme e ficamos sem perceber se ela é realmente culpada, independentemente do resultado do julgamento. E isso deve-se muito ao desempenho dela.  Mas o miúdo, que faz de filho, rouba as cenas onde entra. Com 11 anos tem este desempenho... não sei o que fará quando ti

ver mais experiência? 

Pequenas notas que me lembro do filme:
- terá algum significado a música do 50Cent?
- um olhar sobre o sistema judicial francês. Não sei quão aproximado da realidade será, mas a forma como todo o filme está filmado, não me admira que esteja muito próximo de como realmente funciona.
- o uso do Inglês e Francês é feito de forma tão natural e fluida.

Para concluir, tenho pouco mais a dizer a não ser : PARABÉNS 

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

DRACULA (1931)

Ora, ali no início do século XX foram criados os estúdios da Universal. Mas andavam meio perdidos por pequenas produções, quando o novo patrão pega num livro, que estava  a ser adaptado para o palco, e na transição para o cinema sonoro, produz Dracula. Numa adaptação muito livre do livro do Bram Stoker, Dracula foi um sucesso e graças ao filme surgiram mais e mais filmes dos "monstros clássicos" como os conhecemos hoje. 
Mas e o filme, será que se aguenta bem quase 100 anos depois? A resposta directa deste escriba é: não sei. Por um lado, é inegável a influência que o filme tem até aos dias de hoje. Por outro, muito friamente, não gosto assim tanto. 
Antes de mais, o filme toma liberdades que não sei se jogam a seu favor. A começar pela representação do próprio Dracula. Aqui é mais um aristocata, enquanto no livro ele se assemelha mais ao Nosteraru (o filme). Depois o desempenho do Bela Lugosi enquanto conde deixa-me com mixed-feelings. Aliás, quase todos os actores têm o mesmo problema: demasiado "teatral" (à falta de melhor palavra). Bem sei que muitos vinham do teatro (o próprio Lugosi fazia o papel na Broadway), mas em cinema, a mim não me entra. Todo o filme parece saído de um palco. 
Quero ainda referir a banda-sonora... ou falta dela. Tirando os créditos iniciais e uma cena passada num teatro, não existe nenhuma trilha. Quando ninguém fala, existe silêncio.  Por uma lado, isso pode dar um ambiente mais sinistro. Por outro, a ausência de qualquer som pode deixar um espectador mais "perdido".

O melhor do filme: sem sombras de dúvida o Renfield. Que papelão do actor. 
Pode ser o maior clássico de filmes de vampiros, mas para mim é mais objecto de estudo por toda a influência que tem. 

domingo, 18 de fevereiro de 2024

ANACONDA (1997)

Há uma certa saudade dos anos 90, quando os grandes estúdios apostavam em bicharada para filmes. Seja com cobras, aranhas, crocodilos, dragões de Komodo, e mais uns quantos, isso era sinal de terror divertido. Hoje, tirando uma ou outra excepção, eztes filmes saem directamente da casa da Asylum, SyFy, ou outros estúdios independentes que fazem os filmes por 30 dólares.  E estes são sempre ou maus ou péssimos.  Mas no final do século passado havia aposta forte nisto. Um desses casos foi este Anaconda, que se centra no ataque duma anaconda de proporções gigantescas. Vamos buscar um casting forte. É certo que os nomes ainda não eram o que são hoje, mas ainda assim havia qualidade.  
Revejo este filme em 2024 e não sei porque gosto do filme.  Talvez o factor "nostalgia" seja uma das principais razões, até porque, se olhar objectivamente, o filme é fraquito... mas há ali qualquer coisa que nos cativa. Deve ser o CGI manhoso que nos faz rir... 
O outro factor passa por Jennifer Lopez. Acho que nunca a vi tão sexy como neste filme. E Jon Voight como vilão é divertido como o caraças.  Depois há ainda LL Cool J, antes de ir à caça de tubarões no Deep Blue Sea e o Owen Wilson antes de visitar casas assombradas no The Haunting. 
É fraquito mas diverte e isso basta para uma mente simples como a minha.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

THE BRIDE OF FRANKENSTEIN (1935)

Dizem por aí que este "Bride" é superior ao original "Frankenstein". Permitam-me discordar. Isto não quer dizer que seja mau. É excelente na mesma, e objectivamente talvez seja melhor. Mas há um par de coisas que não apreciei assim tanto, que me levam a preferir o antecessor.  
A começar pelo tom, por vezes desequilibrado. Confesso que o humor, nomeadamente, na personagem da governanta é algo exagerado. É quase pateta nalguns momentos. Não joga com o tom trágico do resto do filme.
Depois as experiências do novo personagem, o Dr. Pretorius. Ora, este criou vida em miniaturas, o que para mim vai para o campo da ficção-científica. O Frankenstein criou vida de forma mais "realista", credível no universo que nos é apresentado. As miniaturas de gente já foge disso. Aliás, o próprio Frankenstein caracteriza de "black maguc". Em última instância, parece mais uma desculpa para mostrar bons efeitos especiais.

Bem, tudo o resto roça a perfeição neste filme. O que já era bom no original,  aqui ainda melhorou. Nota-se que há mais orçamento. Os decors, a fotografia,  a música... tudo perfeito.

Quero só realçar umas coisinhas:
- O prólogo inicial coloca a própria Mary Shelley, o marido Percy e o terceiro membro deste ménage a trois, Lord Byron, a discutir como uma mulher tão bonita como a autora é vaoaz dos pensamentos mais macabros. Resultou como introdução e revisão dos acontecimentos do filme passado.

- Boris Karloff eleva a sua prestação como o Monstro, que na essência só quer companhia, e onde tenta aprender a diferença entre "good" e "bad".

- Toda a sequência com o cego eremita. Lindo. E a cena onde o velho agradece a Deus por ouvir as suas preces ao dar-lhe companhia, o que resultou no Monstro largar uma lágrima. Uma delícia. 

- Depois o culminar de tudo na aparição da Noiva. Apesar de dar título ao filme, esta só aparece nos últimos 4/5 minutos. O suficiente para entrar na história. Quase 90 anos depois, é uma personagem tão icónica que, mesmo nunca tendo aparecido em mais nenhum filme, aqueles 4 minutos bastaram para ser referência. 

Em jeito de conclusão,  parece-me um filme feminista, mesmo quando ainda nem se sonhava com esse conceito.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

FRANKENSTEIN (1931)

O universo dos monstros da Universal sempre me fascinou. Os meus preferidos são os menos icónicos: o Monstro da Lagoa Negra e o Homem Invisível. Frankenstein sempre foi posto de parte. Não lhe achava grande piada, mas o meu gosto por ele foi crescendo. E o que é certo é que cada vez que revejo o filme original, gosto mais dele. Vou sempre descobrindo detalhes, tomando atenção a coisas que antes não tomava. Depois de ter sido obrigado a ler o livro na faculdade, pois fazia parte do currículo de Literatura Inglesa, ainda gostei menos nessa altura. Deu dores de cabeça. Se fosse hoje, tirava 20 nessa disciplina.  
Sobre o filme, bem.. é um clássico do caraças. Pode não meter medo aos olhos de hoje, mas na época deve ter feito tremer as perninhas de meninas indefesas. 
O que eu vi hoje, ao rever Frankenstein, é que é um filme bonito. Que fotografia, que jogos de sombra... James Whale, o realizador,  a ir buscar a inspiração toda ao Expressionismo Alemão. Vejo ali muito do Caligari. 
Depois temos um elenco impecável com Colin Clive a fazer um Henry (??? E porque não adoptar o nome do livro, Victor?) tremendo sempre na fina linha de "cientista louco" e uma pessoa normal. 
E falar de Frankenstein e não referir Boris Karloff é no mínimo injusto. Que desempenho num papel que poderia cair numa caricatura. Karloff transmite uma inocência num personagem que facilmente poderia cair para o lado "monstrengo" da coisa.
Ficou na história e merece lá ficar por tudo o que representa.