quinta-feira, 27 de julho de 2023

A Nightmare On Elm Street (1984)


 Lembrar-me de como era a minha vida antes de conhecer Freddy Krueger é tarefa impossível. É personagem que sempre esteve presente na minha memória. Aliás, lembrar-me quando foi a primeira vez que vi qualquer um dos filmes também não é fácil. Nos anos 80 não havia muito cuidado com os filmes que as crianças podiam ver. É certo que o acesso aos filmes era mais complicado. Ou era através da televisão, e não havia uma box para voltar atrás, ou então através de vídeo: ou alugávamos ou havia alguma VHS perdida com os amigos (que poucos tinha). A primeira imagem que tenho na cabeça do Freddy nem é do filme original, mas da sequela (se bem que na altura eu sabia lá qual estava a ver). E era a cena do autocarro (não sei se a cena inicial ou final). 

No campeonato dos "big 3" (entre Halloween, Sexta-Feira 13 e Elm Street) o Freddy nem era o meu preferido. Sempre fui mais team-Michael Myers. E hoje continuo a ser. Mas Freddy Krueger é especial. Para já, é o único com "personalidade" e fala (se excluirmos os Halloween do Rob Zombie). 

Mas centremo-nos no filme original, aquele que apresentou Freddy ao mundo. (Porque nunca ninguém falou que chegue dos filmes, nem há milhares de podcasts que esmiúçam o filme ao detalhe. É sempre preciso mais uma opinião).

E o que faz este filme o clássico do género e tido como um dos melhores slashers de sempre?

O filme começa como um filme de terror adolescente banal: temos um grupo de amigos que são o cliché - o casal mais sexual (Tina e o Rod), a menina mais puritana (Nancy) e o gajo mais cool (Glen).

E se no início começamos por pensar que a final-girl vai ser a Tina, até porque é ela que acompanhamos logo e são dela os primeiros pesadelos. Isso é-nos contrariado quando é morta na primeira parte do filme (a fazer lembrar Psycho ou Scream). E que morte!!! Assim vale a pena ver uma miúda ser trucidada. Depois disso percebemos que a protagonista é mesmo a Nancy (Heather Langenkamp). E quem é que não teve uma crush pela Nancy?? Aquele ar de menina que não faz mal a uma mosca mas que deixávamos fazer tudo.

E vale a pena elogiar a personagem da Nancy: se no início ela aparenta ser uma banal vítima de um qualquer slasher, ela evolui de tal forma que no final se torna numa badass, capaz de rivalizar com o Macaulay Culkin no Sozinho em Casa. A forma como derrota o Freddy é disso prova.

Mas a estrela do filme é claro o Krueger. E o gajo tem no máximo uns 8 minutos de tempo de ecrã. E a evolução dele é também notória. Ele aparece inicialmente como um palhacito: a forma como corre, todo desengonçado, e persegue a Tina. Os braços que esticam, etc. Mas à medida que as pessoas vão acreditando nele e tendo mais medo, ele vai ganhando força. E ainda hoje é aterrador. 

Depois o filme é todo ele conceptualmente e visualmente deslumbrante. Aquelas transições entre sonho e realidade são qualquer coisa... Tudo isso acompanhado de uma banda sonora com aquelas notas de piano que tornam tudo mais sinistro e transporta-nos para o onírico. Injustamente não se fala muito da música deste filme, até porque o rival de Halloween tem uma que ficou mais na história.

Resumidamente, e em bom português: é um filme do c@r@lho, que vou gostando cada vez mais.