domingo, 3 de novembro de 2024
HALLOWEEN (2007 - 2009)
quinta-feira, 31 de outubro de 2024
TO KILL WITH INTRIGUE (1977)
Ora no filme, Chan interpreta Lei Shao-feng, o herdeiro de uma família nobre que é atacada pelo clã de assassinas conhecido como Killer Bees. A líder das Killer Bees, Ding Can (interpretada por Hsu Feng), poupa Shao-feng após assassinar a sua família e fica estranhamente apanhadinha por ele. Isso desencadeia um relacionamento enigmático e disfuncional, que é marcado tanto por violência como por sentimentos contraditórios, e aí sim, vão sendo explorando temas de amor, ódio e vingança.
Embora o filme comece com uma premissa interessante e mesmo dramática, centrada em traições e emoções profundas, ele vai acabando por perder alguma coerência. A história segue uma linha confusa com personagens que entram e saem da narrativa, subplots que se desenrolam sem muita explicação e cenas de luta que, em vez de acrescentarem à narrativa, parecem por vezes deslocadas e desconexas. E sim, eu sei que vemos estes filmes pelas cenas de luta. Este desvio torna o filme confuso e dilui o impacto emocional e dramático que Lo Wei tenta construir.
To Kill with Intrigue foi um dos primeiros filmes em que Lo Wei dirigiu Chan, e a colaboração entre eles sempre foi tensa. Lo Wei, um realizador tradicional de filmes de acção, via em Chan uma estrela para substituir Bruce Lee, mas, ao mesmo tempo, não dava a Chan a liberdade criativa que ele desejava. Lo Wei insistia em moldar Chan para o papel de um herói sério e trágico, o que era claramente contrário ao talento natural de Chan para a comédia física e as suas habilidades de acrobacia.
Essa falta de alinhamento criativo contribuiu para a falta de coesão em To Kill with Intrigue e levou ao fim da parceria entre os dois, permitindo que Chan finalmente seguisse em direcção a um estilo próprio que mais tarde definiria toda a sua carreira.
terça-feira, 29 de outubro de 2024
HALLOWEEN (1998 - 2002)
quinta-feira, 24 de outubro de 2024
SHAOLIN WOODEN MEN (1976)
A narrativa gira em torno da sua formação no templo Shaolin. E uma das particularidades deste templo? Os famosos “Homens de Madeira” (Wooden Men) que dão título ao filme. São uma série de "estátuas" de madeira que parecem saídas de um parque de diversões mortal para praticantes de kung-fu. Não são os adversários mais simpáticos, mas fazem parte do treino essencial para qualquer aprendiz de Shaolin. É como passar num exame da escola, mas em vez de resolver equações ou escrever redações, tens de lutar contra uma linha de bonecos de madeira que te tentam matar à porrada.
Ao longo do filme, Little Mute vai aperfeiçoando as suas habilidades em diferentes estilos de kung-fu, de diferentes mestres, o que oferece uma verdadeira jornada de autodescoberta. O rapaz não é apenas bom no tau-tau, mas tem coração. À medida que desenvolve as suas técnicas, ele também vai ganhando uma espécie de "sabedoria zen", enfrentando os seus próprios demónios internos (e externos) e preparando-se para vingar a morte do pai.
Depois, o filme oferece uma galeria de paisagens deslumbrantes. Desde os belos templos até as montanhas e florestas, há algo poético nas locais escolhidos, o que torna Shaolin Wooden Men muito mais do que apenas um filme de ação — é quase uma experiência espiritual. E os combates? É impossível não reparar nas coreografias bem elaboradas, marca de Jackie Chan, que desde cedo mostra a sua criatividade e destreza física.
E finalmente a vingança: o clássico confronto final, onde Little Mute finalmente enfrenta o responsável pela morte do seu pai. É aquele tipo de cena que faz o público segurar a respiração, apesar de sabermos que Jackie Chan vai sair vitorioso. O seu personagem evoluiu de um rapaz traumatizado e silencioso para um guerreiro completo, capaz de enfrentar os seus medos (e os seus inimigos).
O legado de Shaolin Wooden Men estende-se até a obras como Kill Bill, de Quentin Tarantino. O filme de Tarantino é uma verdadeira homenagem aos clássicos de kung-fu dos anos 70, e não há como ignorar as semelhanças, especialmente no treino da Noiva sob a tutela do mestre Pai Mei. Ambos os filmes exploram o processo de aprendizagem no kung-fu como uma jornada espiritual e emocional, envolvendo superação pessoal, disciplina e, claro, muita vingança.
Shaolin Wooden Men é um exemplo perfeito do início da carreira de Jackie Chan, onde ele ainda estava a encontrar o seu estilo, misturando ação e humor. Apesar do seu personagem não dizer uma palavra durante quase todo o filme, as suas acrobacias falam por ele.
Por detrás de toda a ação e cenários exóticos, há uma história de redenção e superação. Little Mute transforma-se num herói que não só bate em bonecos de madeira, mas também vence as suas limitações pessoais, superando o trauma da infância e encontrando paz.
quarta-feira, 23 de outubro de 2024
HALLOWEEN (1988 - 1995)
O filme começa com um genérico digno de cinco estrelas. A paisagem de outono, acompanhada apenas pelos sons da natureza e uma música arrepiante, coloca-nos no mood certo para o que se segue.
Depois deste prelúdio quase poético, caímos numa cena de exposição forçada – mas que acaba por ser prática. Somos apresentados a um guarda que gentilmente resolve explicar os eventos dos dois primeiros filmes aos médicos que vão buscar o nosso amigo Michael Myers. Esta parte é particularmente engraçada quando percebemos que o motivo para esta pequena palestra é a falta de direitos para usarem imagens dos filmes anteriores. Nada como um resumo oral para poupar uns trocos.
Logo de seguida, a primeira morte: Michael, que estava em coma (ou numa sesta prolongada), decide acordar de forma pouco amistosa na ambulância e espeta o polegar na testa do pobre médico.
Segue-se a introdução da dupla Jamie e Rachel. Jamie é uma órfã em plena crise existencial, o que não ajuda nada quando começa a ter visões assustadoras de um homem mascarado que ela, estranhamente, nunca viu antes. Coincidências de Halloween, imagino. Já Rachel é aquela típica adolescente que, num mundo ideal, deveria estar preocupada com namorados e festas, mas que acaba por ter de lutar pela sua vida. O charme da personagem é contrastado com o retorno do Dr. Loomis, agora com queimaduras de terceiro grau (cortesia do segundo filme), o que o faz parecer um sobrevivente teimoso mais resistente que um Nokia 3310 (os putos não vão perceber a referência). Aliás, havia uma explicação no argumento para a sua sobrevivência milagrosa, mas acharam por bem mandá-la às urtigas. Afinal, quem é que precisa de lógica quando estamos num slasher?
À medida que o filme avança, acumulam-se as mortes, incluindo uma off-camera (o pobre assistente do xerife), mas a mais memorável talvez seja a da filha do xerife, que leva uma espingarda espetada na barriga. Já viram que neste universo de Halloween, parece que todos os xerifes têm filhas boazonas, destinadas a morrer de maneiras grotescas. E se pensavam que o pinga-amor Brady ia salvar o dia, desenganem-se – apesar de resistir um pouco, acaba com a cabeça esmagada.
O clímax do filme traz-nos uma perseguição vertiginosa no telhado, onde Michael, apesar de ser mais lento que um caracol, consegue manter uma tensão constante enquanto tenta apanhar Jamie e Rachel. A dupla escapa com a ajuda de alguns rednecks texanos armados, que estão mais prontos para uma caça ao homem do que para uma visita à mercearia. No fim, a solução para o problema Myers é simples: uma data de balázios no bucho.
Mas é claro que este filme não podia terminar com um simples "Michael morreu". Nada disso. Jamie toca no corpo de Michael, e é como se a maldição passasse para ela. A cena final é um belo soco no estômago, com Jamie a protagonizar um remake pessoal do primeiro filme, onde parecia que o final feliz estava garantido… até não estar.
Resumidamente, se estavam à espera de muitos momentos de facadas, preparem-se para ficarem um pouco desiludidos. Neste filme, o nosso vilão prefere usar força bruta.
Halloween 4 consegue ser um slasher divertido e nostálgico, mas com vários momentos em que o humor (intencional ou não) aparece para aliviar a tensão. Com todos os defeitos que possa ter, eu adoro!
terça-feira, 22 de outubro de 2024
THE KILLER METEORS (1976)
Ora, o filme gira em torno de duas figuras principais: o herói Wei (Jimmy Wang Yu), também conhecido como "Meteoros Assassinos", e seu rival adversário, interpretado por Jackie Chan. A história começa quando o personagem de Chan procura Wei para ajudá-lo a derrotar um inimigo aparentemente invencível, em troca de uma recompensa. No entanto, a trama complica-se com várias traições, segredos revelados e uma série de acontecimentos que tornam a narrativa confusa e, para mim, difícil de acompanhar.
O principal problema de Killer Meteors é mesmo este enredo confuso, cheio de reviravoltas que, ao invés de cativar o público, acaba por se tornar numa experiência mais entediante. A narrativa tenta criar uma intriga com conspirações e surpresas constantes, mas ao exagerar na quantidade de twists e personagens com motivações obscuras, o filme perde-se.
A impressão que se tem é que a história tenta ser mais complexa do que realmente é, criando várias camadas de engano e traição que não adicionam profundidade à narrativa. Em vez de aumentar o suspense ou a tensão, esses twists excessivos acabam por diluir o impacto emocional da história.
Outro problema recorrente é a forma como a narrativa depende de longas cenas de exposição para explicar detalhes do enredo. Em vez de mostrar, o filme opta por explicações verbais, que quebram o ritmo das cenas de ação. As falas, muitas vezes desnecessariamente longas, sobrepõem-se à acção, e isso leva a que o filme se arraste.
Para os fãs de Jackie Chan, Killer Meteors também pode decepcionar por um motivo simples: o papel de Chan é relativamente pequeno e ele aparece como antagonista, uma escolha que não se encaixa no que o público costuma esperar.
Apesar dos problemas com a narrativa, Killer Meteors ainda oferece algumas boas cenas de luta, embora longe do que se esperaria em termos de ação coreografada de alto nível, especialmente para quem está acostumado com a filmografia posterior de Chan. O filme faz uso de elementos wuxia, como armas exóticas e movimentos acrobáticos, mas a coreografia de combate é mais tradicional e menos criativa do que o que o cinema de artes marciais viria a oferecer nos anos seguintes.
Resumidamente, Killer Meteors é um filme que tenta contar uma história complexa e cheia de camadas, mas que falha ao se perder em reviravoltas exageradas e cenas de exposição mal conduzidas. O ritmo do filme sofre com longas explicações verbais e uma trama confusa, o que resulta num aborrecimento para o espectador. Além disso, para os fãs de Jackie Chan, a escolha de colocá-lo como antagonista secundário é um ponto decepcionante, já que o seu carisma e talento não são plenamente aproveitados.
sexta-feira, 18 de outubro de 2024
HALLOWEEN (1978 - 1981)
A famosa música de Halloween, composta pelo próprio Carpenter, foi criada por uma razão muito prática: orçamento. Orquestras são caras, mas sintetizadores são baratos. E com um orçamento tão apertado, Carpenter decidiu assumir o papel de compositor. E adivinhem? Funcionou de forma genial. Mas antes de o filme ter essa banda sonora icónica, os primeiros visionamentos foram feitos sem música. Parece que os produtores ficaram perplexos porque... bem, o filme não metia medo. Era apenas um homem estranho a espreitar por arbustos. A música de Carpenter transformou isso em pesadelos auditivos.
Agora, o filme em si é o chamado "slow burn". Uma introdução simples, com dois planos, que já nos coloca no mood perfeito para o que vem a seguir. O genérico, com a abóbora iluminada ao som daquelas notas angustiantes, prepara-nos psicologicamente. É uma espécie de "este filme vai mexer contigo, mas espera só um bocadinho". A primeira cena, passada em 1963, é feita em POV (acho que é esse o termo), num long-shot hipnótico que nos faz sentir como se estivéssemos a espiar alguém, até culminar num contra-plano que revela o assassino: uma criança! Michael Myers, em todo o seu esplendor infantil, acaba de matar a irmã mais velha. Não vemos facadas explícitas, algo que lembra Psycho, onde a violência está mais no que imaginamos do que no que realmente vemos. Agora, imaginem alguém a ver isto pela primeira vez. Uma criança com uma faca na mão, a encarnar o mal puro. É desconcertante.
Logo depois conhecemos o Dr. Loomis, interpretado por Donald Pleasence, que se refere ao Michael como "it" e não "him", o que só reforça a ideia de que Myers não é um ser humano. E aqui começa a lenda do Boogeyman. Michael escapa do hospital, e depois temos o clássico stalker mode ativado. Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), a nossa heroína, fica marcada quando vai deixar uma chave na casa dos Myers. A partir desse momento, ela torna-se a obsessão de Michael. Não há explicação lógica para isso, mas quem precisa de lógica quando se está a lidar com o mal encarnado?
Michael começa a seguir a Laurie por todo o lado, mas sempre de forma... relaxada. Ele nunca corre. Porquê correr? Ele sabe que vai apanhar a vítima eventualmente. O lado mais bizarro de Myers é que ele é meio mirone e até provocador. Há toda uma sequência estranha com a Annie na lavandaria, onde a porta se fecha e ela fica presa. Não, não foi o Michael, mas de alguma forma já estamos a contar os segundos até ela ser apanhada. Spoiler: ela morre no carro, não antes de Myers matar o cão da família, porque, aparentemente, cães também não estão a salvo. E é interessante que a morte da Annie só acontece aos 54 minutos. Sim, o filme leva o seu tempo, mas quando a violência começa, não pára.
Outro detalhe saboroso para os fãs de cinema é a cena em que as crianças estão a ver The Thing (1951), o filme que Carpenter viria a refazer em 1982. Uma piscadela para o futuro, e talvez uma forma de dizer "ei, eu adoro sci-fi, mas por agora vamos focar-nos no terror".
Depois temos o pequeno Tommy. Um miúdo chato que está obcecado com a história do Boogeyman, mas, no final, até tinha razão. O Dr. Loomis, neste ponto, ainda está relativamente normal, parecendo um psiquiatra dedicado. Mas à medida que o filme avança, percebemos que ele começa a descer numa espiral de obsessão com Michael.
As mortes continuam, claro. O namorado da Lynda é espetado numa parede (literalmente) na cozinha, numa das cenas mais icónicas do filme, com Michael a tirar uns segundos para admirar a sua obra. E depois, vem a parte em que Myers decide ser um brincalhão, disfarçando-se com um lençol e os óculos do namorado morto para ir ter com Lynda. E, sim, são as únicas mamas (.)(.) que vemos no filme, caso estivessem a contar.
Finalmente, o tão esperado confronto entre Laurie e Michael acontece aos 77 minutos. Ela foge, desesperada, batendo à porta de um vizinho que, numa decisão "brilhante", decide ignorá-la completamente. Mas o mais perturbador é que Myers nunca corre, só caminha. Porque, lá no fundo sabemos que ele vai apanhar. É uma perseguição física mas também psicológica.
O momento em que Laurie apunhala Michael pela primeira vez e ele se reanima é a verdadeira transição de Michael de "gajo doido" para o Boogeyman. Até então, ele era apenas um psicopata teimoso. Agora, é indestrutível, o puro mal. Mesmo depois de levar seis tiros do Dr. Loomis e cair de uma varanda, Michael desaparece, e o filme termina com vários planos da casa ao som da sua respiração e da música arrepiante de Carpenter. Não há final feliz aqui. Só resta a promessa de que o mal nunca morre.
HALLOWEEN 2 (1981)
O Halloween II de 1981 começa como se estivéssemos a retomar o final do primeiro filme, mas com uma reviravolta sonora inesperada: em vez da icónica trilha minimalista do John Carpenter, temos... "Mr. Sandman". Sim, essa música doce e sonhadora, que, a meu ver, combina com psicopatas em fuga da mesma forma que sapatos de palhaço combinam com casamentos. Mas adiante. Revemos as mesmas cenas do final de 1978, apenas com um pequeno reshoot do Michael Myers a levar uns tiros e a cair da varanda. Se viram o primeiro filme, já sabem que isto não é problema para ele – o homem levanta-se na primeira cena pós-créditos como se nada fosse, pronto para mais uma noite de carnificina.
Aliás, mal se passam 11 minutos e já temos a primeira morte, uma cena tão rápida que parece que Michael estava a fazer hora extra e precisava despachar-se. Laurie, depois do pesadelo de ser perseguida por um irmão psicopata (sim, já lá vamos), vai parar ao hospital local, onde é atendida por um médico claramente com mais álcool no sistema do que bom senso. E quem é que ainda está mais maluco dos cornos neste filme? O Dr. Loomis, claro! Se no primeiro já parecia estar à beira de um colapso nervoso, aqui está a dois passos de se tornar o próprio vilão. Aliás, num momento particularmente confuso, ele é indiretamente responsável pela morte de um inocente, o que me fez questionar se não devíamos considerar uma intervenção psiquiátrica para ele também.
Agora, falando em intervenção, quem é que pode acreditar num hospital praticamente deserto? Eu sei que é uma cidade pequena, mas um hospital vazio parece mais um cenário de um episódio de Twilight Zone do que um filme de terror. E claro, temos o clássico segurança barrigudo e bigode farto. O pobre homem mal tem tempo de se mostrar, e já está a levar uma martelada na cabeça aos 38 minutos. Cena rápida, sem pinga de sangue – quase uma desilusão.
E, claro, há sempre personagens desenhadas para apimentar as coisas. Uma enfermeira "badalhoca" com mamas (.)(.) proeminentes (porque, por algum motivo, este é um critério de seleção essencial no casting dos anos 80) partilha uma das cenas mais caricatas do filme: um jacuzzi. Sim, um jacuzzi no meio de um hospital. Quem sou eu para questionar a lógica de design hospitalar? Nessa mesma cena, o companheiro da enfermeira é previsivelmente estrangulado, mas o plano foca-se tanto nela que, por momentos, quase esquecemos que estamos a assistir a um assassinato. A cereja no topo do bolo é quando a própria enfermeira é morta, afogada e queimada no jacuzzi. Uma combinação criativa, na melhor morte do filme.
Entre as cenas surreais, há um momento na escola com o Loomis, onde encontramos a palavra "Samhain" pintada numa parede. Para quem está a tentar acompanhar a lógica, é neste ponto que descobrimos que Michael e Laurie são irmãos. Sim, irmãos. E se isto vos parece ridículo, então não estão sozinhos. Esta reviravolta cai no filme como um balde de água fria (ou quente, dependendo do jacuzzi).
Voltando ao hospital, o Dr. Mixter – aquele que parece só estar no filme para morrer – é eliminado fora do ecrã com uma seringa no olho. Outra enfermeira tem um fim igualmente trágico com uma seringa espetada na cabeça. Michael, claro, persegue Laurie ao estilo gato e rato, e há mais uma enfermeira que encontra o destino nas mãos do vilão, desta vez sendo levantada com um bisturi nas costas. Nada de novo aqui, apenas mortes eficazes e diretas.
Ao longo do filme, Michael parece estar mais lento, quase como se fosse uma versão robótica de si mesmo. Talvez seja o peso dos tiros que vai acumulando ao longo da noite. Ele atravessa uma porta de vidro como se fosse feita de papel, corta a garganta de um polícia após levar uns balázios, e continua impassível.
No final, sobra Loomis e Laurie. Ele ainda é esfaqueado por Michael, mas Laurie consegue disparar e acertar-lhe nos olhos, deixando-o desorientado e a sangrar. Aqui entra uma cena de pura tensão: Laurie e Loomis abrem umas botijas de gás e o Loomis, num ato de sacrifício, faz-se explodir junto com Michael. Claro que, como manda a tradição, Michael ainda dá uns passinhos antes de cair.
O filme termina, curiosamente, da mesma forma que começa: com "Mr. Sandman". Talvez seja uma piada cósmica sobre como todos acabam por voltar aos mesmos pesadelos.
Se o Loomis neste filme transformou-se num personagem de exposition ambulante (alguém tem de explicar quem é Michael e por que é que ele continua a matar), o realizador Rick Rosenthal tentou imitar o ritmo mais lento e psicológico do primeiro filme. Mas John Carpenter, que escreveu o guião, pressionou para um ritmo mais frenético, com mais gore e mais vítimas, por causa da concorrência com Friday the 13th. O problema? Enquanto o original de 1978 inspirou centenas de filmes de terror, esta sequela parece ter sido inspirada pelas suas próprias cópias. Em vez de manter a essência original, caiu na armadilha dos clichés do género.
terça-feira, 15 de outubro de 2024
NEW FIST OF FURY (1976)
"New Fist of Fury" (1976) é um filme de artes marciais realizado por Lo Wei e tem um Jackie Chan naquele que é talvez o seu primeiro papel enquanto protagonista. Lo Wei queria torná-lo como o sucessor de Bruce Lee. Aliás, o filme é uma espécie de sequela do clássico de Bruce Lee, "Fist of Fury" (1972), mas apresenta uma abordagem diferente em termos de estilo de acção e actuação.
O enredo passa-se durante a ocupação japonesa de Taiwan nos anos 1930. Depois da morte de Chen Zhen (personagem interpretado por Bruce Lee no filme original), a sua missão de defender o orgulho chinês e resistir à dominação japonesa é retomada.
Jackie Chan interpreta Ah Lung, um ladrãozeco que inicialmente está relutante em se envolver na luta contra os japoneses; nem quer aprender as artes marciais. O filme começa com um grupo de japoneses que tenta destruir uma escola de kung fu chinesa, algo que já acontecia no primeiro filme. A personagem de Lung acaba por se envolver na luta e é treinado pelos alunos restantes da escola. O arco do personagem de Jackie Chan é bastante marcado: começa como uma pessoa que se está a cagar para tudo, limitando-se a roubar e acaba como um mártir. Ao longo do filme, ele descobre sua força interior e a importância de lutar pela honra e pela justiça. Essa é uma narrativa comum nos filmes de artes marciais, onde o herói passa por uma jornada de autodescoberta.
Um dos temas centrais do filme é a continuação da luta de Chen Zhen, personagem de Bruce Lee, simbolizando a resistência chinesa ao imperialismo japonês. No entanto, "New Fist of Fury" tenta não apenas homenagear o filme original, mas também lançar Jackie Chan como o novo ídolo do cinema de artes marciais. No entanto, nota-se que existe um conflito de estilo. Jackie Chan era ainda muito jovem e inexperiente, sem o estilo próprio de comédia e acrobacias pelo qual nós conhecemos e adoramos.
O filme reforça o tema do orgulho chinês e a luta contra a ocupação japonesa, um tópico comum nos filmes de kung fu da época. Essa narrativa de resistência é personificada pelo confronto entre as escolas de artes marciais chinesas e os invasores japoneses que tentam desmantelar a cultura e o espírito chinês.
Em última análise, este filme foi uma das tentativas de Lo Wei de transformar Jackie Chan no "novo Bruce Lee", mas essa abordagem não foi bem-sucedida. Jackie Chan tem um estilo de atuação diferente: ele é mais expressivo, carismático e naturalmente inclinado à comédia física. O papel de um herói sério e implacável não se adequava ao que ele faria mais tarde, onde combinaria acção com elementos de humor e acrobacias.
"New Fist of Fury" não foi um grande sucesso comercial ou crítico na época do seu lançamento, e a tentativa de tornar Jackie Chan como o novo Bruce Lee foi um erro. No entanto, o filme é interessante como um marco na evolução da carreira de Chan.
Pouco tempo depois, ele liberta-se das pressões e expectativas com filmes como "Snake in the Eagle's Shadow" (1978) e "Drunken Master" (1978), onde desenvolveu seu próprio estilo, que junta acção, acrobacias e comédia, o que o levou ao sucesso global.
quinta-feira, 29 de agosto de 2024
ALIEN: ROMULUS (2024)
quinta-feira, 15 de agosto de 2024
DEADPOOL & WOLVERINE (2024)
Mas mais a sério, Morena Baccarin aparece muito pouco. Nós precisamos de mais Vanessa na nossa vida! E, sim, já esperávamos as meta-referências à cultura pop, mas desta vez eles foram além do limite, onde até o Deadpool parecia questionar-se se não estavam a ir longe demais. Mas, no fim, é impossível não rir e divertir com tudo o que acontece no ecrã.. Afinal, quem é que precisa de subtileza quando se tem Deadpool, Wolveri8ne, e um cão no ecrã?