Debruço-me hoje sobre o remake de 2005 de House of Wax, do mestre do macabro original, Vincent Price. E que remake!
O realizador, Jaume Collet-Serra, soube pegar na premissa e dar-lhe um polimento (trocadilho intencional) de cortar a respiração. A história, para quem não se lembra, é simples e deliciosamente estúpida: um grupo de jovens giros — e sim, a câmara faz questão de os mostrar em todo o seu esplendor enquanto acampam e vão, um a um, sendo... digamos, redecorados — decide, por uma série de decisões questionáveis que só fazem sentido num slasher, ir parar a Ambrose, uma cidade fantasma que tem uma atração bizarra: um museu de cera. E temos aqui, como final girl, uma crush do início da minha idade adulta, uma Kim Bauer (só a conheço por este nome) que tem a infeliz tarefa de tentar sobreviver a uma família de gémeos psicopatas.
O que é inegável é que este filme é uma festa visual. O set design da cidade de Ambrose e da própria Casa de Cera é espetacular. A ideia de ter toda uma cidade, e não apenas o museu, feita de cera e a derreter é pura genialidade visual. Vemos casas inteiras que parecem ter vindo de um sonho febril, e o contraste entre a cera brilhante e os interiores putrefatos é de louvar.
E, claro, o terror adolescente exige que estes atores jeitosos (incluindo o Chad Michael Murray e o Jared Padalecki antes de ir caçar demónios) sejam perseguidos e chacinados. E aqui o filme não desilude, recorrendo a uns efeitos técnicos de grande nível para a época.
(SPOILER ALERT) O clímax na casa a derreter, onde os corpos wax-coated dos vilões se desintegram (ou ficam colados uns aos outros de forma grotesca), é um autêntico banquete de horror.
Sem esquecer a morte da coitada da Paris Hilton, que foi vendida como "See Paris Die" (Vejam a Paris Morrer). Pois bem, ela não só morre, como a sua cabeça é trespassada por um tubo. É uma morte gloriosa e catártica para a audiência teen da altura.
Agora, o ponto negativo, e sejamos honestos: o filme, com quase duas horas, é demasiado longo. Bastavam uns redondos 90 minutos para a coisa ser uma bomba. A primeira hora, antes da carnificina começar a sério, arrasta-se mais do que devia. Podiam ter acelerado o processo de transformar jovens em figuras de museu.
E onde é que este filme se encaixa na carreira do realizador, Jaume Collet-Serra? Bem, foi o seu filme de estreia! E que estreia.
Apesar de a crítica não ter sido entusiasta, House of Wax marcou o tom para o que viria a ser a sua marca: thrillers de ação e terror visualmente competentes, muitas vezes com um toque dark e uma boa dose de suspense. Seguiram-se êxitos de terror como “Orphan” (2009), e depois uma série de colaborações de ação de alto calibre com Liam Neeson (“Non-Stop”, “Run All Night”, “The Commuter”). Nos anos mais recentes, saltou para blockbusters como “Jungle Cruise” e “Black Adam”.
House of Wax é, portanto, a primeira e excêntrica peça de um realizador que se tornaria um especialista em entregar entretenimento tenso e bem realizado. É um filme de série B com ambições de série A, e merece ser recordado por isso!

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