sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

SCROOGED (1988)


Há um conjunto de filmes que associo a Natal e que, por tradição, TODOS os anos os vejo por esta altura de Dezembro. E é uma tradição que gosto de manter. Os filmes em causa fazem-me sentir bem. Divirto-me, rio-me sempre com o Home Alone, inspiro-me sempre com o It's a Wonderful Life. E adoro ver Bill Murray resmungar com tudo e todos neste Scrooged.

Neste filme, Bill Murray é Frank Cross, um presidente de uma estação televisiva e começa logo um trailer de um filme natalício que vai passar nessa estação. E nada diz mais "espírito natalício" que um filme onde o Pai Natal é atacado e este defende-se de metralhadora em punho com a ajuda de Lee Majors, o "The Night the Reindeer Died" (confesso que adorava que isto fosse um filme a sério). A partir daqui é Frank Cross a mostrar todo o seu mau-feitio que ninguém aguenta, e o que quer é ver sangue e morte na televisão. Podia muito bem ser o director da CMTV. Ele trata todos mal mas mesmo assim é eleito o "filantropo do ano". Como o gajo se anda a mostrar uma má pessoa, é visitado pelo fantasma do antigo chefe que o avisa que ele vai ser visitado por três espíritos que o vão ajudar a mudar o seu comportamento. Toda esta cena é hilariante com um trabalho impecável da caracterização. Entretanto aparece o seu grande amor do passado, a Karen Allen (a gaja do primeiro Indiana Jones). Reencontram-se e nota-se logo uma mudança do comportamento dele quando está na presença dela. Mas continua a mostrar-se revoltado com tudo. Consegue afastar a família, aqui representada pelo irmão (irmão de Bill Murray também na vida real), e volta a a afastar a mulher que ama.
Dá-se então o primeiro encontro com o primeiro fantasma (Fantasma dos natais passados). Antes de ele aparecer, Frank começa a ter alucinações e depois conhece o fantasma taxista que o transporta ao passado para fazê-lo recordar de alguns natais, desde a infância até à idade adulta. 
Depois aparece o fantasma do presente, uma espécie de fada que se farta de lhe dar porrada. Aqui vai estar presente na ceia de Natal do irmão, que continua a confiar nele apesar de tudo, e na da sua secretária que tem um filho mudo. Aqui, o Frank, que é uma espécie de Grinch, começa a ganhar "sentimentos", mas não o suficiente para o fazer mudar.
Finalmente dá de caras com o fantasma do futuro, que é representado pela figura da Morte. E são essas "previsões" que o fazem mudar completamente, culminando numa cena que tem tanto de hilariante como de sentimental. Numa espécie de discurso/monólogo em frente às câmaras em directo dá uma lição do que é o espírito de Natal. 


E porque é que este filme é especial para mim? Primeiro é o regresso do Bill Murray aos filmes de fantasmas, depois do Ghostbusters. E só o facto de ter Bill Murray no papel principal é ponto a favor. Digamos que nos anos 80/90 o gajo era o rei, o maior. Parece que na rodagem, o gajo não se dava com o realizador (Richard Donner) e que as filmagens foram um sacrifício. Confesso que isso não se notou nada. Talvez se ele tivesse mais liberdade, que segundo ele não tinha, o filme fosse melhor, ou pelo menos diferente. 
Depois, já conhecemos a história original do Charles Dickens de trás para a frente. Já foi adaptada dezenas e dezenas de vezes. Acontece que aqui, essa adaptação é tão original, o que o torna mais memorável.  
Segue-se a música do Danny Elfman. Só podia ser dele. Tem aquele tom sinistro que toda a gente lhe reconhece. Acho que voltou a usar alguns excertos no Batman Returns (outro grande filme de Natal).


Mas o filme não é perfeito. Longe disso. Há quem possa achar que o filme é desequilibrado. Não é totalmente comédia. De vez em quando há umas passagens um pouco abruptas entre momentos de comédia e momentos mais dramáticos. Estou a lembrar-me, por exemplo, do momento em que está a ver o seu Natal na infância. Compreendo que muitos poderão não ficar agradados com esta escolha. O filme está ainda um pouco datado nas referências todas que faz. Hoje em dia quase ninguém perceberá, por exemplo, a piada que refere o Richard Pryor.


Palavra final para duas coisas muito boas do filme:
- A inclusão da arma que o Jesse Ventura usa no filme Predator. Foi um docinho para os fãs.
- A presença no elenco de Bobcat Goldthwait, a fazer de empregado da estação de televisão, que no dia de Natal é despedido, deixado pela mulher e tem um dia de cão. (Se não sabem quem é o actor Bobcat Goldthwait, vocês não são dignos de estar a ler um texto neste blog. É só o gajo com uma voz muito característica e que entrou nos filmes todos do Police Academy - à excepção do primeiro.)

Agora, ide lá comer umas rabanadas, beber um espumante e abrir os presentes.

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